Partido do governo desponta como vencedor das eleições municipais
Oito pessoas foram mortas em confrontos durante o dia. Na prática, disputa política simboliza referendo sobre o apoio da população ao primeiro-ministro
O islamita Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, desponta como o vencedor das eleições municipais realizadas neste domingo na Turquia, ao obter 46,5% dos votos, com 35% das urnas apuradas, principalmente nas províncias do leste do país.
Na prática, a eleição pode ter o efeito de um referendo sobre o apoio ao governo de Erdogan e ao seu partido de origem islâmica. Ele cruzou o país durante as semanas de campanha para mobilizar os seus eleitores conservadores.
Segundo os dados, ainda preliminares e divulgados por alguns meios de comunicação turcos, o AKP teria superado em sete pontos seus resultados nas eleições de 2009 e se manteria como principal partido, apesar das acusações de corrupção e autoritarismo que sofreu nos últimos meses.
Nas duas maiores cidades, Ancara e Istambul, os dados mostram um resultado muito apertado entre o AKP e seu principal concorrente, o social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP).
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O candidato do CHP à prefeitura de Ancara, Mansur Yavas, garantiu em entrevista coletiva que obteve mais de 50% dos votos, embora a imprensa local tenha dito que ambos os partidos estão empatados. Em Istambul, o AKP parece levar uma leve vantagem sobre os sociais-democratas.
Como em eleições anteriores, o CHP aparece como ganhador nas províncias ocidentais e o AKP nas da Anatólia central, enquanto o Paz e Democracia (BDP) vence nas regiões curdas do sudeste.
A votação se deu de forma pacífica na maior parte do país, mas oito pessoas morreram em conflitos entre grupos rivais em duas vilas perto da fronteira com a Síria. Seis pessoas foram mortas num tiroteio na província de Sanliurfa, e mais duas morreram na vila de Hatay, segundo autoridades da área de segurança. Os confrontos se deram por conta de posições em assembleias locais e não tiveram relação direta com a atual crise nacional.
O primeiro-ministro Tayyip Erdogan espera sair das votações com uma base de apoio fortalecida nas cidades, depois de ter a imagem do governo federal abalada por escândalos de corrupção e pelo vazamentos de informações do setor de segurança.
O apoio a Erdogan será crucial para a sobrevivência do seu partido e também para a sua possível candidatura a presidente nas eleições de agosto.
“O que importa é o que as pessoas dizem hoje, e não o que foi dito nas praças das cidades”, afirmou Erdogan à imprensa, ao votar em Istambul, acompanhado de simpatizantes.
Erdogan removeu cerca de 7 mil pessoas do Judiciário e da polícia desde as ações anticorrupção que ocorreram em dezembro contra empresários próximos ao governo e filhos de ministros.
Ele culpa pelas ações o clérigo islâmico Fethullah Gulen, radicado nos Estados Unidos e um ex-aliado, que, segundo o premiê, está usando a polícia para derrubar o seu governo.
(Com agência Reuters)