Obama libera documento secreto sobre uso de drones
Comissões do Congresso receberão memorando com justificativas para mortes
Em uma tentativa de agradar parlamentares do Senado e da Câmara de Representantes às vésperas da audiência de confirmação do novo diretor da CIA, John O. Brennan, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cedeu às pressões dos congressistas que exigiam mais informações sobre o uso de drones (aviões-robôs) para eliminar inimigos. Obama decidiu liberar às comissões de inteligência das duas casas legislativas um memorando secreto sobre o uso dos equipamentos. O texto, afirma a imprensa americana, traz a base legal para o assassinato de terroristas, mesmo que sejam cidadãos americanos.
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Segundo o jornal The New York Times, o documento secreto que Obama liberou ao Congresso deve ser um longo memorando de 2010 da assessoria jurídica do Departamento de Justiça, que justifica o assassinato de Anwar al Awlaki, um clérigo nascido nos Estados Unidos que se juntou a Al Qaeda no Iêmen. Ele foi morto por um drone da CIA em setembro de 2011. Membros do Congresso americano há muito tempo exigiam acesso ao documento. Em comunicado, a Casa Branca ressaltou que a decisão “faz parte do compromisso permantente do presidente de consultar o Congresso em assuntos de segurança nacional”.
O uso dos drones cresceu substancialmente na administração Obama em comparação com a do antecessor George W. Bush e as operações secretas envolvendo as aeronaves têm despertado uma crescente controvérsia nos EUA, tanto entre partidários quando opositores do presidente. Uma pesquisa da ONG britânica Serviço de Jornalismo Investigativo contabiliza a morte de 3.461 pessoas, sendo 891 civis, em ataques de drones da CIA no Paquistão, entre 2004 a 2013.
Pressão – A pressão contra a utilização indiscriminada de drones pelo governo americano aumentou nesta quarta-feira com declarações da Anistia Internacional. A organização em defesa dos direitos humanos recomendou ao Congresso americano pressionar Brennan, o indicado de Obama para comandar a CIA, sobre a alegação de que os ataques com drones são feitos em total acordo com a lei – precisamente a posição do governo.
“O Congresso deve imediatamente realizar audiências públicas com especialistas independentes para examinar o raciocínio jurídico do governo e garantir que a administração está seguindo as regras para o uso da força letal que já existem: as leis internacionais de direitos humanos e, nas circunstâncias estritas, o direito humanitário internacional”, disse o grupo.
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