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Maduro responsabiliza manifestantes por todas as mortes em protestos

Em entrevista coletiva, herdeiro de Chávez ameaça 'castigar' responsáveis, volta a criticar os EUA e revela engodo da proposta para diálogo ao dizer que não aceita condições para conversar com a oposição

Por Da Redação
14 mar 2014, 22h15

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a responsabilizar a oposição pelas 28 mortes ocorridas em meio aos protestos contra seu governo. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, ele afirmou que “todos os casos de pessoas mortas, assassinadas, todos esses casos são de responsabilidade da viol��ncia guarimbera”, usando o termo chavista para designar as barricadas que se tornaram uma das principais formas de manifestação em várias cidades do país, incluindo a capital Caracas. “Todos os casos, do primeiro até o último. Todos eles são imputáveis ao golpe de estado que está se desenrolando na Venezuela”.

Demonstrando insegurança na cadeira presidencial, o herdeiro político de Maduro tem avançado na repressão aos manifestantes, que há mais de um mês vão às ruas reclamar dos problemas econômicos, como escassez de produtos básicos e alta inflação, da criminalidade e da falta de liberdade. O presidente já convocou publicamente as milícias para agir contra os estudantes. Homens armados agem com o aval da cúpula chavista e disparam contra os jovens. Muitos também são alvo de tortura depois de detidos.

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Tudo isso, é claro, é ignorado pelo presidente ao falar sobre os protestos. “Os autores materiais e intelectuais das mortes, todos, serão castigados”, ameaçou Maduro, segundo o El Nacional, acrescentando que mais de 1.500 pessoas foram detidas e 105 permanecem atrás das grades, algumas delas, disse, “por terem cometido homicídio”. Outros 21 detidos são guardas e policiais que “cometeram abuso ou excessos”, admitiu o presidente sem deixar de fazer a seguinte ponderação: “a ordem do Executivo é que o uso da força deve corresponder a nossas obrigações constitucionais de defesa do direito dos cidadãos à paz”.

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Estados Unidos – Usando a velha retórica chavista, Maduro também insistiu em apontar a mira para o inimigo externo do governo venezuelano. “O que aconteceu revelou a real natureza da política do Departamento de Estado americano. É evidente o intervencionismo desesperado dos Estados Unidos. Se eles Tivessem êxito e derrotassem nosso governo, teria início o pior período de instabilidade econômica em 200 anos na América Latina. Desestabilizar e reverter a Revolução Bolivariana teria graves consequências”, salientou o homem que dá continuidade às políticas econômicas que estão levando a Venezuela ao abismo.

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Ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que os EUA estão comprometidos “em encontrar uma forma para conseguir que o governo Maduro dialogue com seus cidadãos e detenha esta campanha de terror contra seu próprio povo”. Na quarta, em outra audiência com congressistas, ele havia mencionado a possibilidade de impor sanções à Venezuela, ponderando, contudo, que “a economia já está bastante frágil” e que sanções comerciais poderiam prejudicar não só o governo, mas também a população mais pobre. Em resposta, o chanceler venezuelano Elías Jaua baixou o nível e chamou secretário americano de “assassino”. “O denunciamos como assassino do povo venezuelano, senhor Kerry. Não baixaremos o tom a nenhum império enquanto vocês não ordenarem seus lacaios na Venezuela que parem com a violência contra o povo”.

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Falsos diálogos – Por fim, Maduro mostrou o quão vazias são suas propostas de diálogos com a oposição. Nas últimas semanas o governo tem usado a recusa da oposição em se reunir como um atestado de que os adversários do chavismo não são democráticos. “Não aceitaremos condições por nada desse mundo para conversar”, declarou, em referência a uma série de cinco pontos que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática apresentou como condição para sentar-se à mesa com o governo. Entre eles estão a libertação do dirigente opositor Leopoldo López e investigações independentes sobre a repressão às manifestações.

Entre outros pontos abordados na entrevista, Maduro disse, evitando usar a palavra “aumento”, que o governo ainda tem a intenção de “adaptar” o preço da gasolina subsidiada vendida no país. “Em um momento dado, faremos um sistema para adaptar o preço da gasolina e começar a cobrá-la. Não é aumentá-la, é começar a cobrá-la”. No país, um litro do combustível custa o equivalente a 3 centavos de real.

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