O presidente com mandato vencido na Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, insistiu nesta terça-feira que venceu as eleições do ano passado, em declaração ao canal de televisão da França LCI. Por telefone, Gbagbo sugeriu que não está pronto a negociar sua partida. Mais cedo, funcionários franceses disseram que as negociações para ele deixar o poder ainda estão em curso.
Gbagbo disse que Alassane Ouattara, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela comunidade internacional como o verdadeiro vencedor, “não venceu as eleições”. Na segunda-feira, uma força internacional lançou uma ofensiva, após várias tentativas de convencer Gbagbo a deixar o poder de modo pacífico.
Uma resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU autoriza que a força estrangeira ataque o arsenal de Gbagbo, que foi usado para atacar civis. As forças de Ouattara lançaram um ataque a partir do norte para tomar o controle da maioria do país, desde a semana passada.
Momento decisivo – A violenta crise na Costa do Marfim chegou a um momento decisivo nesta terça-feira. Com o presidente Laurent Gbagbo cercado em um bunker em sua casa, em Abidjan, representantes de seu antigo círculo de poder anunciaram que as tropas leais a ele estão dispostas a baixar as armas. De acordo com o ex-ministro das Relações Exteriores Alcide Djedje, o cessar-fogo já foi acertado. “A guerra acabou“, disse ele à rede britânica BBC.
Horas antes do anúncio de trégua feito pelo ex-ministro de Gbagbo, o porta-voz do presidente derrotado nas urnas ainda tentava mostrar que a situação era favorável a eles. Conforme o representante, Ahoua Don Mello, as forças de Gbagbo se mantinham com o controle do palácio presidencial em Abidjan, da residência de Gbagbo e do acampamento militar de Agban.
Indagado sobre uma possível rendição de Gbagbo, o porta-voz respondeu: “Neste momento, isso não está sendo considerado”. Os bombardeios da ONU e da França contra alvos militares em Abidjan provocaram “muitas mortes“, disse o porta voz. “Os militares vivem com suas famílias nos acampamentos”, lembrou ele.
Crise política – A batalha de Abidjan, iniciada em 31 de março pelas forças de Ouattara, adquiriu uma nova dimensão com a participação, desde segunda, das Nações Unidas e da França, quatro meses depois de uma crise pós-eleitoral que levou o país à beira da guerra civil. A situação humanitária em Abidjan, capital econômica da Costa do Marfim, se tornou “absolutamente dramática” para os civis em meio aos combates, diz a ONU.
O pleito de novembro de 2010 deu a vitória a Ouattara, que é opositor de Gbagbo – e o presidente se recusou a deixar o poder. O triunfo do opositor nas urnas foi reconhecido pela ONU. Apesar de todas a pressão e dos confrontos, Gbagbo permanece irredutível até o momento.
(Com Agência Estado)