Flagrado em encontros com atriz, Hollande diz atravessar ‘momento difícil’

Presidente francês não respondeu se Valérie Trierweiler ainda é a primeira-dama

Por Da Redação
14 jan 2014, 14h39

O presidente da França, François Hollande, durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Eliseu, em Paris (Philippe Wojazer/Reuters/VEJA)

O presidente francês, François Hollande, afirmou nesta terça-feira que está passando por um “momento difícil” em sua vida pessoal, chacoalhada por uma reportagem que flagrou o mandatário em encontros secretos com a atriz Julie Gayet. Questionado se Valérie Trierweiler ainda era primeira-dama da França, ele se recusou a responder.

“Cada um de nós pode enfrentar momentos difíceis em sua vida pessoal. Esse é o nosso caso, são momentos dolorosos. Mas eu tenho um princípio, o de que assuntos particulares são tratados na esfera particular. Não é portanto nem o lugar nem o momento de fazê-lo”, disse Hollande, prometendo, contudo, voltar a falar sobre o assunto antes de sua visita aos Estados Unidos, marcada para 11 de fevereiro. Os preparativos para a visita ao casal Obama incluem um encontro privado entre Valérie e Michelle – que agora pode não ocorrer.

Caio Blinder: François Hollande, o impopular e sedutor Monsieur Normal

Na última semana, a revista de celebridades Closer publicou uma reportagem com fotos que parecem comprovar que ele está tendo um caso com Julie. As imagens são do entra e sai de um apartamento nas proximidades do Palácio do Eliseu em duas ocasiões. Os paparazzi registraram a chegada de Julie, seguida do chefe da segurança presidencial para inspecionar o edifício e, por fim, da entrada de Hollande no prédio. Hollande não é casado, mas tem um relacionamento de longa data com a jornalista Valérie, que é vista como a primeira-dama francesa.

A publicação da matéria mudou completamente o foco de interesse sobre o presidente francês, às vésperas da entrevista coletiva, na qual ele pretendia se concentrar em temas econômicos. Ao conhecer o conteúdo da reportagem, Hollande reclamou o direito à privacidade e ameaçou processar a revista. Mas não negou nada. Nesta terça, ele reforçou estar indignado com a violação de sua privacidade, mas recuou na ameaça de processar a revista, dizendo que não o fará. Questionado se consideraria mudanças nas leis relativas à privacidade na França, o presidente negou que tenha planos neste sentido. “Sou contra mudar leis por conveniência pessoal. Mas minha indignação é total. Nós estamos em um país de grandes liberdades, mas temos de respeitar a vida privada e a dignidade humana”.

Continua após a publicidade

Antonio Ribeiro: Sem peito de assumir a amante Julie Gayet, François Hollande abraça o velho presidencialismo monárquico

Os jornalistas franceses parecem ter ficado satisfeitos com a única – e pouco elucidativa – menção de Hollande ao assunto, já que não houve muita insistência no tema. É verdade que o público francês parece não ligar para as escapadas dos políticos, mesmo quando isso implica mau uso do dinheiro público, como fazia o ex-presidente François Mitterrand, que mantinha uma segunda família com a amante. Mas a história do affaire de Hollande, um dos presidentes mais impopulares da história da França, chamou a atenção da imprensa francesa e internacional. Um dos pontos em aberto está relacionado exatamente ao status de Valérie, que continua atuar como jornalista, fazendo resenhas de livros para a revista Paris-Match, enquanto tem uma equipe completa à disposição como primeira-dama.

Depois da divulgação da reportagem, Valérie foi internada com um quadro de estresse. Ela deveria ter deixado o hospital na segunda-feira, mas os médicos disseram que ela precisa de mais repouso.