Depois de oito anos, Berlusconi comparece à audiência
Primeiro-ministro italiano é acusado de fraude fiscal e apropriação indébita
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, compareceu nesta segunda-feira à audiência preliminar do processo pelo caso Mediatrade, realizado em Milão. Trata-se da primeira aparição do político italiano em um tribunal desde 2003.
Investigado por um suposto delito de fraude fiscal e apropriação indébita, Berlusconi chegou ao tribunal para tomar parte na audiência preliminar, que será realizada a portas fechadas.
Antes de sua chegada ao Tribunal de Milão, Berlusconi qualificou as acusações que pesam sobre ele de “ridículas e infundadas”, em declarações a um programa de um canal de televisão de sua propriedade.
O chefe do governo italiano manifestou que é o homem “mais acusado da história e do universo”, ao mesmo tempo em que ressaltou que houve mais de 2.500 audiências contra si e contra seu grupo empresarial e mais de mil juízes que “se ocuparam dele sem sucesso”.
Em um novo ataque contra os juízes, Berlusconi assegurou que “continuam sabendo que não podem chegar a uma condenação”, mas continuam o acusando e o fazem “perder muito dinheiro e tempo”.
Além disso, acrescentou que o processo Mediatrade é uma nova tentativa de “eliminar o maior obstáculo que a esquerda tem para chegar ao poder”.
Neste processo, a Justiça investiga se o grupo Mediaset, propriedade da família Berlusconi, comprou através de sua filial Mediatrade os direitos de filmes de um atacadista americano mediante o intermediário, Frank Agrama, e sua empresa Wiltshire, para aumentar depois os preços e permitir com sua recompra evadir dinheiro ao fisco.
Sobre os fatos sob investigação, Berlusconi assegurou que “não houve um só dólar” que tenha passado de seu bolso para Agrama e afirmou que conheceu este intermediário nos anos 80 e que tão somente o encontrou em duas ocasiões.
Esta é a primeira vez que Berlusconi comparece perante o juiz, em um caso pelo qual é investigado, há oito anos, quando em junho de 2003 declarou perante os juízes no caso SME, no qual era acusado de corrupção a juízes, do que foi absolvido em 2008.
É também a primeira vez que comparece perante um juiz desde que o Tribunal Constitucional invalidou, em janeiro passado, a lei do legítimo impedimento, que lhe permitia se ausentar das vistas alegando compromissos institucionais e ao qual se tinha acolhido em reiteradas ocasiões para não comparecer às audiências dos três processos que tinha pendentes até esse momento.
(com Agência EFE)