Coreia do Sul: ciberataque a bancos e TVs partiu da China
Governo busca identificar hackers e não descarta autoria da Coreia do Norte
A Coreia do Sul anunciou nesta quinta-feira que o vasto ataque cibernético a redes de televisão e bancos do país ocorrido na véspera teve sua origem em um servidor de internet na China. A identidade dos hackers responsáveis pelo chamado endereço de IP (protocolo de internet), porém, não foi determinada. A Comissão de Comunicação sul-coreana ressaltou que os ataques foram realizados por uma só entidade e que o processo de identificação dos autores está em andamento.
“Hackers não identificados utilizaram um IP na China para invadir os servidores de seis organizações e entidades e para introduzir um malware que atacou os computadores”, declarou Park Jae-moon, diretor da agência reguladora sul-coreana para as comunicações. O ataque afetou as redes de televisão KBS, MBC e YTN, além dos bancos Shinhan e Nonghyu, que ficaram “parcialmente ou completamente paralisados”, afirmou a Agência de Segurança da Internet da Coreia do Sul (KISA).
A rede de caixas automáticos e os serviços on-line do banco Shinhan sofreram graves complicações e seu sistema só foi parcialmente restaurado duas horas depois. Já a emissora de televisão KBS, a maior do país, indicou que todos os computadores do canal se apagaram de forma simultânea, mas a transmissão não foi prejudicada. “Seguimos transmitindo, mas os jornalistas têm dificuldades para enviar suas matérias porque não é possível entrar no sistema”, declarou um funcionário ligado ao sindicato da categoria no momento da pane. O provedor de serviços de internet LG Uplus também reportou danos em seus sistemas.
A falha geral ocorreu por volta das 14 horas (2 horas em Brasília) e deixou a Coreia do Sul em alerta, inclusive mobilizando efetivos das Forças Armadas. A primeira suspeita do governo recaiu sobre a vizinha e rival Coreia do Norte, com quem Seul tem travado uma verdadeira guerra verbal há semanas. Mesmo identificada a origem do ataque na China, o governo sul-coreano não descarta uma possível autoria ou responsabilidade do regime comunista de Pyongyang.
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“Estamos considerando todas as possibilidades, com uma forte suspeita de que a Coreia do Norte está por trás do ciberataque”, indicou uma fonte anônima da Presidência sul-coreana à agência local Yonhap. Fontes dos serviços de inteligência sul-coreanos, citados pela imprensa local, estimam que 3.000 especialistas em informática norte-coreanos estão mobilizados na guerra cibernética. De acordo com o governo da Coreia do Sul, o país foi alvo de 40.000 ciberataques, do exterior ou do interior, no ano passado. Como comparação, foram 24.000 em 2008.
A Coreia do Norte, no entanto, sempre negou sua participação nos ataques cibernéticos a sites públicos e privados do país vizinho e, recentemente, inclusive acusou Seul e Washington de tentar derrubar seus servidores de internet.
Tensão – O ciberataque aos bancos e TVs da Coreia do Sul aconteceu em meio ao aumento da tensão regional por causa de uma nova série acusações e ameaças trocadas entre as Coreias. Nas duas últimas semanas, a imprensa oficial norte-coreana elevou seu habitual tom belicista ao assegurar em diversas ocasiões que a guerra na península é iminente. A recente escalada de tensão na península coreana começou após a ONU aprovar a ampliação das sanções contra a Coreia do Norte em reprimenda ao teste nuclear realizado pelo país em 12 de fevereiro.
Descontente com a medida, a ditadura comunista prometeu realizar um “ataque nuclear preventivo” aos EUA. Desde então, o regime também alardeou a anulação do armistício com a Coreia do Sul – que reagiu, afirmando que o acordo segue vigente – e acusou os Estados Unidos de ciberataques a seus servidores na internet.
(Com agências France-Presse e EFE)