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Lars Von Trier: ‘Não sei se conseguirei produzir sóbrio’

Após três anos sem dar entrevistas, cineasta dinamarquês conta que escreveu boa parte de sua filmografia sob o efeito de álcool e alucinógenos

Por Da Redação
1 dez 2014, 09h00

O diretor Lars Von Trier, criador de filmes como Dançando no Escuro (2000) e Melancolia (2011), confessou neste sábado, em entrevista ao jornal dinamarquês Politiken, que recorreu às drogas para escrever seus longas e que, agora que as deixou, teme não ser capaz de continuar a fazer cinema. Segundo Von Trier, sua dependência de álcool começou com Ondas do Destino (1996). A partir daí, ele recorreu a um coquetel de uma garrafa diária de vodca combinada com “uma droga euforizante” para escrever.

“Não sei se poderei fazer mais filmes e isso me atormenta. Por que, se não fizer filmes, o que mais vou fazer?”, afirmou o cineasta. Atualmente, Von Trier participa de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e está a noventa dias sem tocar em nenhuma droga. A sua maior preocupação, contudo, é com os possíveis efeitos da sobriedade sobre sua capacidade criativa. “Nenhuma expressão criativa com valor artístico foi criada por ex-alcóolatras ou ex-adictos”, afirma.

O co-fundador do movimento Dogma assegurou por exemplo que Dogville (2003) foi escrito em doze dias sob um estado de euforia contínua que o permitiu entrar em um “mundo paralelo”, onde as ideias surgiam com fluência e se sentia seguro em tomar decisões. Ninfomaníaca (2013), seu último filme, foi o primeiro que escreveu sóbrio, e levou um ano e meio para fazê-lo.

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“Está claro que o mundo paralelo tem um preço, mas tive também muitas alegrias, como para todos os artistas que admirei que se lançaram em todo tipo de drogas de mudança de comportamento”, explica. Apesar de elogiar os efeitos dos entorpecentes, ele lamentou como seu uso, a longo prazo, causa reações negativas.

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Von Trier não dava entrevistas desde 2011, quando foi envolvido em uma controvérsia durante a apresentação de Melancolia no Festival de Cannes, ao mostrar sua “compreensão” com Hitler como pessoa. A organização do evento o declarou então ‘persona non grata’.

Ele afirma que estava sóbrio quando concedeu a entrevista em que declarou sua simpatia pelo líder nazista. A falta das drogas o teria feito se sentir inseguro, o que atrapalhou que se expressasse com clareza. Sua “fascinação” por Hitler é semelhante a que pode ter por Hannibal Lecter, o sanguinário protagonista de O Silêncio dos Inocentes, justificou agora o diretor dinamarquês, que aparece sentado, sem camisa e com o rosto e a cabeça completamente barbeados na capa de Politiken.

Apesar de suas dúvidas criativas, Von Trier admite que está estudando a ideia de rodar uma série de televisão em inglês, mas que por enquanto só tem o título: The House that Jack Built (A Casa que Jack Construiu, em tradução direta).

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(Com agência EFE)

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