Em SP, Cat Power faz show irregular, apesar do bom humor
Com 1h15 de atraso, a cantora subiu ao palco do Cine Joia na noite desta terça-feira e mostrou repertório baseado em seu disco mais recente, 'Sun'
Assistir a um show de Cat Power é um pouco como presenciar a aparição de uma lenda viva. A experiência começa já antes da apresentação, quando um dos principais assuntos das rodinhas de conversa é a imprevisibilidade da cantora, cujo nome verdadeiro é Chan Marshall. Uns recontam experiências de shows anteriores, nos quais ela abandonou o palco porque alguém atendeu o celular ou caiu no chão, alcoolizada. É um pouco como era assistir Amy Winehouse. Todo mundo ficava esperando a próxima maluquice que ela ia aprontar. Mas na noite desta terça-feira, no Cine Joia, em São Paulo, não houve nada disso. Pelo contrário, cantora esbanjou sorrisos e bom humor. Mas, pena, o clima não se refletiu na apresentação.
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Alguns fatores atrapalharam o show. O primeiro foi o atraso. A apresentação estava marcada para começar às 22h, mas Cat Power só subiu ao palco às 23h15 – o que, em plena terça-feira, atrapalha muito quem acorda cedo no dia seguinte. O outro foi o descompasso da banda em relação à cantora – aliás, com músicos piores do que os que a acompanharam ao Brasil em 2008, em sua penúltima visita ao país. Até a metade da apresentação, parecia que a banda tocava uma coisa, e Chan cantava outra.
A cantora também pareceu desconfortável no começo do show, inclusive pedindo para a produção desligar as luzes estroboscópicas (piscantes). Somado a isso, há o fato de ela normalmente mudar muito as letras e melodias de suas músicas mais antigas. Assim, faixas como Sea of Love, The Greatest e I Don’t Blame You ficam tão irreconhecíveis que só é possível perceber que se trata delas no refrão — não importava o ritmo da canção original, todas ganharam roupagem meio blues. Em compensação, as músicas do disco novo, Sun, como Cherokee e Ruin, foram tocadas sem tantas intercorrências.
Na metade do show, o ritmo se acertou. Chan fez uma boa e diferente apresentação de 3, 6, 9, uma das melhores de Sun, e agradou com a lindíssima Nothin But Time. Depois veio a melhor da noite, Metal Heart, do disco Moon Pix (1998) – essa levou muita gente às lágrimas. Destaque também para o cover de Oh! Sweet Nuthin’, do Velvet Underground. Uma pena que o show inteiro não tenha sido assim.