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Navegador chinês pode ter chegado à África Oriental antes de Vasco de Gama

O português foi o primeiro navegador a sair diretamente da Europa para a Índia

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h13 - Publicado em 27 out 2010, 11h45

Restos de porcelana e uma moeda da dinastia MIng encontrados no Quênia reforçam a hipótese

Vários pedaços de porcelana e uma pequena moeda chinesa do início do século XV encontrados em uma escavação organizada por chineses e quenianos poderiam mudar a história da África Oriental ao indicar que o navegador chinês Zheng He chegou ao continente antes do português Vasco de Gama

O principal pilar que sustenta esta hipótese é uma moeda redonda com um buraco quadrangular no centro que remonta à dinastia Ming e que, ironicamente, será conservada para seu posterior estudo no Forte Jesus de Mombaça, obra dos portugueses.

No entanto, são necessários dois anos de um meticuloso estudo para que os pesquisadores cheguem a alguma conclusão, explica Athman Hussein, arqueólogo do departamento de museus do Quênia e diretor-adjunto da escavação realizada em Mambrui, situada no litoral a 120 quilômetros ao nordeste do forte.

Segundo uma das teorias que os pesquisadores consideram, a moeda teria viajado a bordo de um dos 200 navios comandados pelo navegador chinês Zheng He, quem teria chegado à costa do que hoje é a Quênia por volta de 1421, mais de 75 anos antes de Vasco de Gama, que chegou à região em 1498, durante viagem à Índia. O marinheiro asiático teria levado em nome do imperador chinês Yongle, vários objetos como porcelanas e moedas, ao sultão de Malindi, quem lhe agradeceu com uma girafa, entre outros presentes.

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Segundo o escritor Gavin Menzie, autor do livro 1421: O Ano em que a China Descobriu o Mundo, Zheng He foi o primeiro a fazer a circunavegação do planeta e primeiro a descobrir a América, antes de Cristovão Colombo. As viagens de Zheng He, realizadas entre 1405 e 1432, teriam gerado mapas depois usados pelos europeus, como Vasco da Gama e Cristovão Colombo. É fato conhecido que Zheng He explorou o Oceano Índico e que os chineses tinham tecnologia naval (já conheciam a bússola, por exemplo) superior a dos europeus. Portanto, poderiam fazer uma viagem à América.

Portugueses x chineses – No entanto, dada a herança portuguesa na região, os arqueólogos locais estão divididos. “Tudo indica que Zheng He chegou antes que Vasco da Gama, mas é inegável que os portugueses deixaram mais marcas. Não se pode falar da história da África Oriental sem mencionar os portugueses, que passaram mais de 200 anos na região”, disse Hussein.

O supervisor da escavação afirma que “os chineses chegaram primeiro”, mas ressalta que foram os portugueses que desenvolveram a região.

Interesse comercial – Hussein destaca que mais provas serão encontradas nas próximas fases da pesquisa, que terá início em 7 de novembro e que incluem escavações submarinas e em diversos pontos de Mambrui. Apesar das hipóteses que os pesquisadores formularam com as recentes descobertas, Hussein não quer se precipitar e prefere esperar por mais evidências deste contato entre China e África Oriental.

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A pesquisa envolve não só polêmicas históricas, mas também religiosas, já que os familiares de pessoas enterradas no cemitério mulçumano de Mambrui reclamam das escavações. Além disso, há questões políticas envolvidas: “há gente que diz que os chineses não estão interessados apenas na história, mas principalmente no petróleo e nas matérias-primas da região”, afirma Hussein. No entanto, ele ressaltou que o objetivo das pesquisas é meramente acadêmico.

Turismo – Esta escavação, realizada por museus do Quênia e pela Universidade de Pequim, também serviu para despertar a curiosidade local. Por sua vez, os moradores de Mambrui esperam que as descobertas contribuam para o aumento do turismo na região, que antes mesmo do início das escavações estava entre as preferidas dos veranistas internacionais.

As autoridades dos museus do país já estudam a possibilidade de abrir o local das escavações ao público em um futuro próximo.

(Com Agência EFE)

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