Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Morre John Nash, matemático retratado em ‘Uma Mente Brilhante’

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h04 - Publicado em 24 Maio 2015, 12h00

O matemático John Nash, vencedor do Prêmio Nobel que teve a vida retratada no filme Uma Mente Brilhante, morreu neste sábado em um acidente de trânsito em Nova Jersey, Estados Unidos, ao lado de sua mulher Alicia. Nash tinha 86 anos e Alicia, 82.

Segundo a polícia rodoviária, eles viajavam num táxi. Ao fazer uma ultrapassagem, o motorista perdeu o controle da direção e veio a bater numa grade de proteção. Nash e Alicia foram jogados para fora do veículo – aparentemente eles não estavam usando cinto de segurança. O motorista do táxi sofreu ferimentos leves.

Professor de matemática Universidade de Princeton, Nash ganhou o Prêmio Nobel de Economia de 1994 por seu trabalho no campo da teorida dos jogos. Nash é um dos maiores matemáticos do século XX, famoso pela originalidade de suas teorias e pela facilidade com que encarava desafios matemáticos que seus companheiros de profissão jamais tiveram coragem de enfrentar. Quando fez o pedido de matrícula para a cadeira de Matemática na Universidade de Princeton, uma carte de referência o descreveu com uma única sentença: “Este homem é um gênio”.

“Os feitos de John inspiraram uma geração de matemáticos, físicos e cientistas”, afirmou Christopher L. Eisgruber, reitor da Universidade de Princeton. “A história de sua vida e de Alicia emocionaram milhões de pessoas que se encantaram com sua coragem em enfrentar desafios assustadores.”

O campo estudado por Nash, que tenta abordar os conflitos humanos por meio da lógica matemática, foi criado no final da década de 1940 pelo húngaro naturalizado americano John Von Neumann. Também professor em Princeton, Von Neumann propôs que conceitos como bem e mal fossem deixados de lado no estudo dos conflitos de interesse. A premissa básica de seu pensamento é de que a cada decisão, os “jogadores” tentarão maximizar o ganho individual. Aos 21 anos, em uma tese de mestrado de apenas 27 páginas, John Nash propôs o que viria a ser conhecido como o Teorema do Equilíbio de Nash, que descreve situações em que nenhum dos jogadores pode melhorar seu ganho alterando, de forma unilateral, sua estratégia. O economista da Universidade de Chicago Roger Myerson comparou o impacto das equações de Nash à “descoberta da dupla hélice de DNA na biologia”. Na cena abaixo de Uma Mente Brilhante, em inglês, parte do raciocínio de John Nash é traduzida em termos leigos.

Continua após a publicidade

Há, no entanto, cientistas que afirmam que Nash resolveu problemas matemáticos ainda mais desafiadores que aquele contido no trabalho que lhe rendeu o Prêmio Nobel. Ele solucionou, por exemplo, uma questão de geometria diferencial – derivada de um trabalho do matemático do século XIX G.F.B. Reimman – que parecia impossível de ser decifrado.

Nash sofria de esquizofrenia e tornou-se um porta-voz dos pacientes dessa doença quando seu filho, John, foi diagnosticado com o mesmo mal. Foi internado diversas vezes por causa da doença, recebendo inclusive tratamento a base de eletro-choques. As crises haviam arrefecido quando o comitê do Prêmio Nobel decidiu agraciá-lo por seus feitos no campo da matemática. Mas ele havia passado quase 40 anos sem publicar artigos científicos ou ocupar postos de ensino. “Eu retornei à racionalidade não com ajuda médica, mas sim graças aos hormônios naturais do envelhecimento”, declarou. Nash teve ainda ajuda de professores como Harold W. Kuhn, que ressaltou para o comitê do Prêmio Nobel a importância da contribuição de Nash.

Mais que a premiação, contudo, foi a realização do filme Uma Mente Brilhante que o apresentou para o mundo. “Ele passou de um sujeito que vagava anonimamente pelo campus de Princeton para uma celebridade e lhe ajudaram financeiramente”, disse Kuhn. Uma Mente Brilhante, produção de 2001, ganhou o Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante (para Jennifer Conelly, que interpretou Alicia). Em sua conta no Twitter, o ator Russell Crowe, que viveu John Nash nas telas, escreveu: “Chocado… meu coração está com a família de John & Alicia. Uma incrível parceria. Mentes brilhantes, corações brilhantes.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.