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Dados da missão Rosetta ajudam a confirmar teorias científicas

Primeiros dados divulgados mostraram que o cometa é composto por gelo e possui moléculas orgânicas, informações que ajudam a aumentar a precisão dos modelos científicos

Por Juliana Santos
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h08 - Publicado em 19 nov 2014, 20h45

Os primeiros resultados obtidos a partir dos dados enviados à Terra pelo módulo Philae mostraram que o cometa é composto por gelo duro e possui moléculas orgânicas. O robô passou quase três dias realizando estudos científicos na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Apesar de previstas nas teorias sobre esses corpos celestes, as informações recolhidas são importantes porque confirmam e ajudam a aumentar a precisão dos modelos científicos.

O cometa é um objeto de estudo relevante para pesquisas sobre o surgimento dos planetas e a origem da vida na Terra porque são considerados “fósseis” da formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos. “Eles são os objetos mais antigos do Sistema Solar e permanecem protegidos do calor do Sol, pois passam a maior parte do tempo em locais distantes e muito frios. Isso conserva suas características originais”, explica Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.

Por essa razão, um dos principais objetivos do Philae na superfície do cometa era buscar a água e material orgânico presente nesse corpo celeste. De acordo com algumas teorias, cometas podem ter trazido para a Terra água ou componentes orgânicos necessários ao surgimento da vida.

Formação da vida – A existência de moléculas orgânicas no cometa foi confirmada pela Agência Espacial Europeia (ESA), embora os detalhes sobre essas substâncias ainda não tenham sido divulgados. A presença delas já era esperada pelos cientistas, que as observam da Terra de forma indireta, por meio da análise do espectro de luz emitido por esses corpos celestes – diferentes comprimentos de onda indicam diferentes tipos de moléculas.

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“Os resultados por enquanto estão confirmando a teoria mais aceita, mas certamente o Philae vai encontrar dados que até agora a gente não tinha, porque não podem ser observados pelo telescópio”, afirma o professor. Análises mais detalhadas dos dados enviados pelo módulo vão ajudar a determinar se essas moléculas poderiam ter constituído as bases necessárias para o surgimento da vida na Terra. Nos meteoritos, por exemplos, também já foram encontradas moléculas orgânicas, mas muito diferentes daquelas que formam a vida no nosso planeta.

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Água – Outra teoria posta à prova é a de que a água da Terra poderia ter sido trazida pelos cometas. Para isso, o módulo foi programado para estudar se a composição química da água do cometa é semelhante à do planeta azul. Na Terra, a água é mais comumente formada por átomos de oxigênio com oito prótons e oito nêutrons em seu núcleo (o oxigênio 16) e de hidrogênio com um próton e nenhum nêutron. Mas esta não é a única opção. Ela também pode ser composta por isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) mais pesados, o oxigênio 18 (oito prótons e dez nêutrons) e deutério, também conhecido como hidrogênio pesado, com um próton e um nêutron em seu núcleo.

“O satélite Encélado, de Saturno, por exemplo, é riquíssimo em água, mas essa água é diferente da água terrestre. Ela tem mais deutério”, explica Picazzio. “A água encontrada nos cometas Halley, Hyakutake, Helo-Bopp, Turtle, Ikeya-Seki, que foram cometas brilhantes, se parece mais com a água de Encélado. Já os cometas Hartley 2 e 45/P têm água parecida com a água da Terra”, completa o pesquisador. Isso significa que, ainda que os dados enviados pelo Philae mostrem que a água do cometa 67P é composta por oxigênio 16, como a da Terra, não vai ser possível afirmar que o mesmo ocorre com todos os cometas ou deduzir que ela certamente foi trazida para cá por esses corpos celestes.

Relevância –“É importante lembrar que isso não diminui em absoluto a importância da missão Rosetta”, alerta Picazzio. A ciência se baseia em modelos teóricos, que aos poucos vão sendo “calibrados” ou provados, de acordo com o avanço das pesquisas. “Quando os astronautas trouxeram amostras lunares, os pesquisadores não encontraram coisas que nunca haviam imaginado, mas puderam fazer experimentos de alta precisão e ajustar seus modelos e teorias”, afirma. “Os experimentos que estão sendo feitos pelo Philae e pela Rosetta serão únicos porque é a primeira vez que tal façanha é realizada”.

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