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Descobridor do buraco na camada de ozônio diz que eventos climáticos extremos são causados pelo homem

Ganhador do prêmio Nobel de Química em 1995, o mexicano Mario Molina propõe que aquecimento global seja combatido com tratado semelhante ao que combateu o uso de gás CFC nos anos 80

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h28 - Publicado em 20 ago 2012, 22h32

Seca nos EUA, nevascas intensas na Europa, enchentes na Austrália. Segundo o cientista Mario J. Molina, que recebeu o prêmio Nobel de Química em 1995, junto com Paul Crutzen e Sherwood Rowland, por seu papel na identificação do buraco na camada de ozônio, afirmou que existem evidências crescentes de que esses e outros eventos climáticos atípicos dos últimos anos estejam sendo provocados pela atividade humana e pelo aquecimento global.

“As pessoas podem não estar a par das importantes mudanças que ocorreram no entendimento cientifico dos eventos climáticos que estão no noticiário. Eles agora têm uma ligação mais clara com atividades humanas como a liberação de monóxido de carbono que ocorre durante a queima de carvão e de outros combustíveis fósseis”, disse Molina. As declarações foram feitas em discurso durante o 244° encontro da American Chemical Society, que reúne nesta semana 14.000 cientistas na Filadélfia (EUA).

Molina, que desempenhou um papel fundamental na identificação do papel do composto CFC (clorofluorocarbono) na redução da camada de ozônio, disse que a luta para alertar o público e conscientizar a indústria sobre os riscos do aquecimento global é muito mais difícil do que a travada para salvar a camada de ozônio.

“As mudanças climáticas são um tema bem mais amplo. Combustíveis fósseis, que são o centro do problema, são muito importantes para a economia, e afetam muitas outras atividades. Isso faz com que as mudanças climáticas sejam muito mais difíceis de lidar que a questão do ozônio”, disse.

Descrédito inicial – Em 1974, Molina e seu colega F. Sherwood Rowland alertaram a comunidade científica de que as substâncias conhecidas como CFC, presentes em aerossóis e em outros produtos, tinham o poder de destruir a camada de ozônio, que funciona como um “escudo protetor” na atmosfera, bloqueando raios solares ultravioletas potencialmente perigosos.

Os alertas inicialmente foram recebidos com desdém pelas indústrias que produziam o composto. Empresas como a DuPont afirmaram inicialmente que não havia provas científicas sobre os males provocados pelo CFC, e também fizeram previsões sombrias sobre os impactos econômicos que o fim da produção do composto poderia provocar.

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Segundo Molina, mesmo que a indústria tenha inicialmente tentado desacreditar os estudos sobre CFC, o tema era bem menos explosivo que o aquecimento global, que, em sua opinião, se tornou um tema dominado pela política e por posições polarizadoras. Apesar dessas diferenças, o cientista propõe que o problema seja enfrentado com um acordo internacional semelhante ao que regulamentou a produção do CFC, que ficou conhecido como Protocolo de Montreal.

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PROTOCOLO DE MONTREAL

Em 1987, entrou em vigor o Protocolo de Montreal, que estabeleceu metas para a substituição e eventual eliminação do CFC e de outras substâncias que afetam a camada de ozônio. Considerado um dos tratados internacionais mais bem sucedidos da história, foi ratificado por 197 países.

“O novo acordo deve estabelecer um preço para a emissão de gases do efeito estufa, algo que fará com que seja economicamente mais favorável para os países fazerem a coisa certa. O custo para a sociedade persistir nisso será menor do que o custo dos danos climáticos caso a sociedade não faça nada”.

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Não há certeza absoluta – Molina disse que mesmo que não exista “certeza absoluta” de que o aquecimento global está causando eventos climáticos extremos, os efeitos de tempestades, secas e outros eventos pode ser “benéficos” para fazer com que o público se conscientize sobre o aquecimento global e a necessidade de se fazer algo.

“É importante que as pessoas estejam fazendo mais do que só escutando sobre o aquecimento global. Elas talvez estejam sentido, sofrendo o impacto da alta nos preços dos alimentos, tendo uma ideia de como pode ser o dia a dia no futuro se a sociedade não tomar alguma providência”, disse Molina.

O cientista também afirmou que não é certo o que vai acontecer com a Terra caso nada seja feito para reduzir ou deter as mudanças climáticas.

“Mas não há dúvida de que o risco é enorme, e que nós podemos ter algumas consequências devastadoras, especialmente para alguns extratos da sociedade. Não é muito provável, mas existe alguma possibilidade de que aconteçam catástrofes.”

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