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Brasileiro desenvolve planta de café sem cafeína

Pesquisador da Unicamp consegue, pela primeira vez, obter planta de café sem cafeína e com alta produtividade

Por Marco Túlio Pires
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h17 - Publicado em 29 jun 2010, 18h03

“A cafeína não influi no sabor do café. É o processo industrial de descafeinação que o deixa o com sabor diferente”

Há seis anos, Paulo Mazzafera, diretor do Instituto de Biologia da Unicamp, foi um dos pesquisadores que descobriram uma espécie de café naturalmente sem cafeína. A descoberta foi publicada na revista Nature, porém os planos de explorá-la comercialmente se mostraram infrutíferos, por causa da baixa produtividade das plantas, naturais da Etiópia. Agora, Mazzafera afirma ter conseguido sete plantas mutantes que combinam a produtividade e a ausência de cafeína. E o cientista garante que “o gosto é o mesmo do café comum”. Segundo Mazzafera, “a cafeína não influi no sabor do café, é o processo industrial de descafeinação que o deixa com um sabor diferente”.

A retirada de cafeína do café pode ser feita de várias maneiras. As mais comuns são três: o método que utiliza solventes para remover a substância, o método suiço, que utiliza água quente, e o método de gás carbônico supercrítico, que utiliza pressões e temperaturas muito altas. “No método suíço, a água retira a cafeína, mas leva junto muitos elementos importantes do café, alterando o sabor. Já o supercrítico exige instalações muito caras”, explicou Mazzafera.

Agora, em vez de processos industriais, o experimento do pesquisador da Unicamp promete entregar o café sem cafeína desde a lavoura e com o mesmo sabor. As sementes foram tratadas com dois tipos mutagênicos. “Com o tratamento, obtivemos sete cafeeiros que são praticamente desprovidos de cafeína. São plantas bastante vigorosas que já estão produzindo flores”, diz Mazzafera. Uma das principais vantagens do método é a economia de tempo, uma vez que o melhoramento genético tradicional poderia levar anos para gerar plantas produtivas e sem cafeína.

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De acordo com o cientista, as plantas só apresentam um problema: a estrutura da flor do café garante que a planta tenha uma alta taxa de fecundação, cerca de 95%, mas a flor da planta mutante abre precocemente, comprometendo sua estrutura e, por consequência, a taxa de fecundação. “O problema não é tão grave porque podemos plantar lotes de café exclusivamente com as plantas mutantes”, explica Mazzafera. Além disso, o pesquisador disse que seria possível incluir abelhas nas plantações para aumentar a taxa de fecundação.

O próximo passo é aguardar que uma empresa brasileira se interesse em plantar o café mutante. “No Brasil, não podemos patentear o material, por isso patenteamos o processo. Quando alguma empresa brasileira mostrar interesse, poderemos fazer uma patente internacional relativa aos produtos provenientes desse café, cobrando royalties para quem for produzir.”

A venda do café descafeinado é expressiva, chegando a 10% do consumo total no mundo. O Brasil também vende o descafeínado, mas, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), menos de 1% do mercado é dedicado ao produto.

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