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Leandro Hassum evita o pior em ‘Até Que a Sorte nos Separe 2’

Assim como primeiro filme, sequência se apoia em humor pastelão, com piadas fracas e trama idem; tempo de produção restrito é um dos culpados

Por Rafael Costa
Atualizado em 10 dez 2018, 09h56 - Publicado em 27 dez 2013, 06h19

Piadas fracas, humor ao estilo pastelão, trama pouco envolvente e cenas exageradas que soam quase como uma maneira de implorar pelo riso dos espectadores. Até que a Sorte nos Separe 2 deixa tanto a desejar no quesito comédia como o primeiro filme da franquia. Só não chega a ser o pior lançamento do gênero por um nome: Leandro Hassum. Com seu estilo desleixado, que agradou no humorístico Zorra Total – do qual fez parte entre 2000 e 2011 – e em espetáculos de stand-up comedy, marcado por trocadilhos infames e suas tradicionais “piadas de gordo”, o protagonista mais uma vez garante alguma graça e evita que o longa seja um completo desastre.

Na sequência de Até que a Sorte nos Separe, longa do final de 2012, o casal Tino (Leandro Hassum) e Jane (agora vivida por Camila Morgado) passa por uma grave crise financeira, até receber uma nova bolada. Desta vez, o dinheiro não vem da loteria, mas da herança de Olavinho (Maurício Sherman), o tio que salvou Jane e o marido quando os dois torraram tudo o que ganharam no primeiro longa. Generoso, Olavinho deixa 50 milhões de reais para a sobrinha. Há uma condição, no entanto: o casal tem que realizar um dos últimos desejos do milionário: jogar suas cinzas no Grand Canyon, nos Estados Unidos. Para cumprir o objetivo, eles viajam com mala e filhos a Las Vegas, onde Tino acaba, mais uma vez, gastando todo o dinheiro que resolveria os problemas do casal.

O argumento é interessante para uma comédia, mas o desenvolvimento decepciona. Pouco lapidado, o roteiro tem piadas forçadas e diálogos improvisados que quebram o clima em grande parte da narrativa. O próprio Hassum, apesar de ser o único que consegue, de fato, provocar alguma risada nos espectadores, peca em alguns momentos por extravagâncias desnecessárias, como o excesso de gritos e caretas. Um dos motivos para tanto exagero podem ser filmes da Sessão da Tarde como Férias Frustradas, citado como uma das principais referências de Até que a Sorte… 2 pelo diretor Roberto Santucci, em entrevista ao site de VEJA. Além disso, a liberdade que Hassum tem para improvisar sobre o roteiro de Paulo Cursino, com quem trabalha há oito anos, apesar de dar certa leveza em alguns diálogos, faz com que certas cenas ultrapassem o limite do bom humor, com piadas mastigadas e óbvias, características do pastelão.

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O diretor e o roteirista culpam o tempo restrito, como aliás é o prazo de outras grandes produções do cinema nacional, pelo mau desenvolvimento do texto. O roteiro teve de ser escrito em cinco meses e filmado em cerca de cinco semanas, impedindo uma maior atenção às falas e às sequências, o que fez com que os conflitos fossem resolvidos facilmente, sem a presença de um grande clímax.

https://www.youtube.com/watch?v=L6A-CmWOI40

“Com mais tempo, você pode caprichar mais, ter mais ideias. Só que existem as demandas do mercado, existe uma janela no final do ano para exibir um filme e nós tínhamos de aproveitar, então tivemos que correr”, diz Cursino ao site de VEJA. Segundo o roteirista, o problema não é exclusivo do cinema nacional. As grandes produções hollywoodianas, apesar de terem mais tempo de produção que as brasileiras, de um a dois anos, em média, por vezes pecam no roteiro por sofrer com problemas de agenda. “Eles também fazem as coisas na pressa. Chegam a lançar o trailer sem ter o acabamento final do filme”, conta Cursino.

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A pressa vem da demanda, coisa que a produção nacional, em processo crescentemente industrial, vem experimentando com as comédias, nos últimos anos. “O público quer o tempo todo uma novidade, as salas precisam. Mas precisa haver mais gente produzindo, o mercado tem que aumentar. E não só gente produzindo, mas gente produzindo filmes que funcionem. Mais gente fazendo filme ruim também não dá, estraga o mercado”, diz o roteirista. Para ele, um maior volume de estreias daria a cada filme um prazo mais longo de produção, já que haveria sempre um longa chegando para aplacar a demanda do público.

Ao lado de Hassum, outro dos poucos pontos positivos do filme está no elenco: a substituição de Danielle Winits por Camila Morgado no papel de Jane – a Amarilys de Amor à Vida não pôde participar por problemas de agenda. A troca rendeu algumas boas tiradas no roteiro, como uma das passagens que satirizam uma cena já clássica da atriz, aquela em que ela, na pele da personagem-título de Olga (2004), exclama a plenos pulmões para uma série de repórteres estar grávida de Luiz Carlos Prestes. Em Até que a Sorte… 2, é igualmente com ar dramático, em um flashback, que Jane conta à sua mãe (Arlete Salles) estar grávida de Tino.

Outro ponto alto são as breves aparições do humorista Jerry Lewis. Protagonista de alguns clássicos do humor como O Professor Aloprado (1962) e O Rei da Comédia (1982), ele enriquece o elenco e proporciona alguns momentos de bom humor à trama. Nada, porém, capaz de arrancar gargalhadas do espectador. Assim como a participação especial de Anderson Silva, que serve apenas para atrair curiosos para o filme, porque, se depender do seu talento humorístico, é melhor o lutador se limitar aos ringues de MMA.

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