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Bienal 2012 terá estreia no país do abstrato Bernard Frize

Artista francês faz no evento uma breve retrospectiva de seu trabalho, que usa cores variadas e formas geométricas para representar o caos

Por Mariana Zylberkan
1 set 2012, 10h05

Numa Bienal de Arte em que é espremida pela presença volumosa de instalações, vídeos e fotografias, cabe à pintura fornecer um dos principais nomes internacionais do evento. Expoente da abstração, o francês Bernard Frize vem ao país pela primeira vez para apresentar uma breve retrospectiva de seu trabalho no parque do Ibirapuera, onde montava as suas peças, na última terça-feira, quando falou ao site de VEJA. “O melhor motivo para pintar é dar um significado à minha vida. Eu considerado meu trabalho bem figurativo, as marcas dos pincéis e as cores são plataformas para eu concretizar algo que é muito pessoal e abstrato”, disse, contando que recebeu o curador Luis Pérez-Oramas em seu ateliê, na França, para discutir com ele as peças que embarcariam para o Brasil.

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Como se deu o convite? Luis Pérez-Oramas me explicou seu projeto para a Bienal de Arte de São Paulo e foi até meu ateliê na Europa e para escolher os trabalhos para a exposição. Eu o deixei selecionar as obras que mais bem se encaixavam na proposta curatorial porque confiei no projeto. Tudo o que está exposto já estava pronto, eu não fiz nada especial para a Bienal.

Qual é o conceito que norteou a escolha das obras? A ideia é mostrar as diferentes linguagens usadas na minha obra e fazer uma minirretrospectiva da minha carreira. Montar um diálogo entre telas minhas foi uma grande descoberta para mim, nunca havia olhado para a minha obra dessa maneira, sob a perspectiva da linguagem.

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Em que período as telas foram pintadas? A mais antiga é de 1983 e a mais recente, de alguns meses atrás. Esse recorte amplo foi feito para apresentar minha obra de uma forma abrangente, já que é a primeira vez que exponho no Brasil.

Quais mudanças o senhor vê em sua obra ao longo desses anos? Quase nenhuma, na verdade, o que me deixa depressivo a maior parte do tempo. Tenho a impressão de que faço exatamente o mesmo trabalho há 40 anos. Toda vez que finalizo uma pintura, penso: “De novo, a mesma coisa, o mesmo tema”.

Você vê seu trabalho como um contraponto a um tipo de arte feito atualmente, em que o artista não atua fisicamente na produção? Eu nunca compararia meu trabalho ao de qualquer outro artista. Eu tento mantê-lo atualizado e procuro novas possibilidades para ele o tempo todo, o que passa por um estado de criação pura, sem tantas interferências. A pintura é um meio para o artista dar sentido à sua vida, é através dela que ele se posiciona diante do mundo. Todo dia eu procuro aquilo que me mantém vivo e, por isso, pinto diariamente diferentes formatos nas minhas telas.

O que deseja expressar no seu trabalho? O melhor motivo para pintar é dar um significado à minha vida. Essa é a razão pela qual eu pinto. Eu considero o meu trabalho bem figurativo, as marcas dos pincéis e as cores são plataformas para eu concretizar algo que é muito pessoal e abstrato. Basicamente, tento mostrar o caos presente na vida de qualquer pessoa. Por isso, eu pinto linhas paralelas de diferentes cores. Tento encontrar um meio de mostrar que o caos existe, apesar do espectador estar diante de uma imagem calma e organizada.

Por que a opção de trabalhar com cores? Elas permitem nomear alguma coisa. Por exemplo, posso dizer que uma superfície é azul. Essa classificação ajuda a mapear a minha obra de uma maneira até antropológica.

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Com qual frequência você pinta atualmente? A maioria dos meus quadros fica pronta muito rapidamente, demoro cerca de dez minutos para finalizá-los. O que demora é encontrar a forma de materializar uma ideia. Nenhum pensamento tem valor a menos que consiga expressá-lo e comunicá-lo às pessoas. É muito difícil dar corpo a uma ideia, isso me dá pesadelos.

Como tem sido sua experiência de estar no Brasil pela primeira vez? Eu cheguei a São Paulo e vim direto para essa região em volta do parque do Ibirapuera, o que não reflete necessariamente a realidade do país. Eu fiquei absolutamente surpreso com a gentileza das pessoas, não esperava essa recepção. É só isso que eu tenho para dizer por enquanto. Planejo visitar alguns museus e ir para o Rio de Janeiro e Brasília.

O que esperava encontrar aqui no Brasil? Não esperava muita coisa, sabia que era uma terra distante e que a violência e a pobreza são muito presentes. Ao chegar aqui, percebi que isso é subjetivo, mas a minha imagem do país é muito superficial, preciso conhecer melhor.

Fale mais sobre a única escultura que você trouxe. Eu fiz esse objeto baseado numa criação matemática do século XIX, que estabeleceu uma regra para desenhar espaços individuais com fronteiras em comum entre si. Adaptei o teorema à arte e criei essa escultura em que todas as cores estão conectadas. O mais interessante é que a fórmula não foi criada com a ajuda de um computador. É uma maneira de atribuir contexto ao meu trabalho.

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