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Atiradoras de elite

Lydia Sayeg, do reality show 'Mulheres Ricas', faz parte de um grupo cada vez maior de mulheres que sentem prazer em atirar e veem na arma uma ferramenta que acolhe seu instinto de preservação

Por Mariana Zylberkan
6 fev 2012, 07h37

Se não tivesse nascido filha de joalheiro, Lydia Sayeg seria delegada. A ricaça mostrou ter nascido mesmo para a coisa num dos episódios do reality show Mulheres Ricas, da Band. Revólver em punho, ela alvejou protótipos de papelão enquanto dizia coisas como “Morre, desgraçado” e “Delícia”. A cena a colocou na mira dos defensores do desarmamento. Lydia partiu para o ataque. “Eu atiro por prazer. Quando criança, treinava a pontaria atirando com a espingarda do meu pai em latas de refrigerante. Tinha aulas de taekwondo com meu irmão. Eu tenho essa cultura.” Mas a ricaça não está sozinha. Chutes, socos e estopins fazem parte da rotina de outras mulheres que dizem se satisfazer com algo que, para a maioria, soa assustador.

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“O tiro é fascinante, transmite bem estar, todos passamos pela sensação de sudorese excessiva quando manuseamos pela primeira vez uma arma de fogo”, diz, sem disfarçar a emoção, a empresária Elda Struckel, 50 anos. Elda atira há dez anos e atualmente é sócia do clube de tiro Combatte, em Campinas.

Como ela, a radialista catarinense Priscila Barbi, de 26 anos, sentiu amor à primeira vista pelo tiro. “Minha primeira vez foi com uma espingarda calibre 12 e me apaixonei. Não larguei mais.” Praticar tiro foi a única atividade capaz de apaziguar sua personalidade impulsiva. “Eu sou bem raivosa, costumo brigar à toa. Eu precisava de algo para extravasar”, conta Priscila, que também pratica artes marciais.

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A radialista Priscila Barbi, de 26 anos, pratica tiro há dois anos
A radialista Priscila Barbi, de 26 anos, pratica tiro há dois anos (VEJA)

Instinto – Se atirar é uma fonte de prazer para essas mulheres, manipular armas pode atiçar seu instinto de preservação. A maioria não anda armada e muito menos cogita a possibilidade de apertar o gatilho contra alguém, a não ser em caso de extremo perigo. Mas saber manipular uma arma basta para satisfazer o desejo de defesa.

A engenheira civil Samanta Figueira Costa, de 34 anos, já fez curso de defesa pessoal e atira há dois anos. Ela tem arma em casa desde que se separou e se viu sozinha numa casa, com dois filhos pequenos. “Eu me sinto mais segura para enfrentar uma situação de risco. Ando com spray de pimenta na bolsa e deixo minha arma no criado-mudo.”

Perfis como o de Samanta têm se tornado cada vez mais frequentes nas aulas de tiro. Ao longo de dez anos no comando do clube de tiro Calibre 38, em Santa Catarina, Tony Hoerhann viu mudar o tipo de mulheres interessadas em dar seus primeiros tiros. “Antes, elas vinham acompanhadas pelos maridos. Agora, chegam sozinhas e querem aprender a se defender”, diz.

O curso básico de tiro, que compreende duas aulas de três horas cada, custa em média 300 reais. O investimento para ter uma arma vai de 1 400 a 4 500 reais (valor de um revólver). Cada bala custa 6 reais. A lei do desarmamento (10.826) estabelece o limite anual de compra de 50 munições por pessoa.

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Discrição – Lydia Sayeg conta com uma equipe de seguranças armados e, por isso, garante que deixa para treinar a pontaria apenas no clube de tiro, o que não a impede de se beneficiar, mesmo que emocionalmente, da habilidade de manusear uma arma. “Tudo que é feito para nos preservar é válido. A arma deveria ser encarada como uma defesa da vida.”

A opinião é compartilhada pela empresária Elda Struckel: “Armas só matam se quem está atrás do gatilho quer tomar essa atitude.”

Mesmo assim, tanto Lydia quanto Elda preferem falar com restrição sobre sua paixão pelas armas. “Normalmente, o atirador não tem o hábito de comentar que pratica esse esporte para qualquer um, pois há preconceito. Infelizmente, muitos acreditam que somos extremistas e poucos entendem que a prática do tiro é um esporte”, diz Elda.

A empresária Elda Struckel é presidente de um clube de tiro, em Campinas
A empresária Elda Struckel é presidente de um clube de tiro, em Campinas (VEJA)

Lydia reclamou da edição do programa Mulheres Ricas ter privilegiado as cenas no clube de tiro em detrimento de outras atividades que pratica rotineiramente. “Faço aula de artes e sou formada em balé clássico. Não sei por que só me mostram atirando. Me sinto num filme de faroeste.”

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