Santinhos viram cola para eleitores indecisos de São Paulo
Papeis emporcalham as ruas da cidade - e servem de guia para aqueles que ainda não sabem em quem votar
A cidade de São Paulo amanheceu neste domingo com as ruas repletas de santinhos. O lixo se acumulava nos arredores dos colégios desde as primeiras horas do dia – como a distribuição de material de campanha no dia da eleição é crime, os papeis foram jogados ainda de madrugada. Eleitores que esqueceram os números de seus candidatos ou não procuraram um político para votar neste domingo se apegaram aos “santinhos” abandonados na rua. Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, um dos maiores colégios eleitorais da capital paulista, os indecisos andavam com a cabeça baixa e em ritmo lento, procurando um panfleto que pudesse satisfazer suas preferências. Alguns não se intimidaram e recolheram as propagandas para levá-las até a urna.
“Muita gente passou e pegou os santinhos. Ouvi comentários de que não sabiam a numeração ou pegaram qualquer um para votar”, disse Juliane de Souza, segurança que estava desde às 7 horas postada em frente ao portão. O pipoqueiro Eliano Dantas, que trabalhava na rua, afirmou que alguns eleitores vieram até sua banca perguntar se as informações dos santinhos estavam corretas, já que eles não tinham conhecimento nem de quem eram os políticos retratados no panfleto.
Entre os eleitores que buscavam informações estava a aposentada Maria da Silva, de 70 anos. Ela olhava para um canteiro repleto de retratos de políticos esperando encontrar um dos deputados que havia escolhido para votar. “Esqueci minha bolsa em casa e estou vendo se reconheço um daqueles deputados que defendem os animais”, explicou. Já o eletricista Adinaldo pegou um santinho do chão e o levou consigo. “Eu não sei o número de ninguém, peguei esse aqui só para digitar qualquer coisa sem errar na hora”, afirmou.
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A grande maioria dos santinhos espalhados pela universidade eram de Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, e do candidato a deputado federal pelo PSDB, Daniel Annenberg. “Isso me incomoda muito. Eu deixo de votar no meu candidato se vir o seu rosto em algum papel desses”, disse o servidor público Marco Pinhão, morador da região. Para ele, o problema só será solucionado se houver uma reeducação da população ou a aplicação de multas aos políticos responsáveis.
A segurança Juliane disse que todos os santinhos foram despejados em frente à universidade durante a madrugada. Um bueiro próximo à calçada principal do local apresentava dezenas de folhetos. Em caso de chuva, a água dificilmente escoaria sem entupi-lo. Fazer panfletagem ou boca de urna no dia da eleição é crime eleitoral passível de prisão.
Dados – A assessoria de imprensa do Mackenzie informou que 17.592 dos mais de 8 milhões de eleitores paulistanos votarão no local. Uma das urnas apresentou problemas e precisou ser trocada. A operação foi feita rapidamente e não provocou nenhum contratempo para os eleitores. Nenhum crime eleitoral foi registrado nas redondezas até o momento.