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PTB de Jefferson pedirá impugnação do PSD de Kassab

Trabalhistas reivindicam posse da sigla, incorporada por eles em 2003

Por Carolina Freitas
22 mar 2011, 20h18

Coletar quase meio milhão de assinaturas em nove estados não será o maior desafio de Gilberto Kassab no caminho para a criação do Partido Social Democrático (PSD). Acaba de surgir no horizonte a ameaça de uma batalha judicial com o PTB pelo nome da nova legenda. E os trabalhistas reuniram munição: destacaram dois advogados para redigir um pedido de impugnação do PSD. Tão logo Kassab dê entrada no registro da sigla (depois da coleta de assinaturas, prevista para terminar em julho), o PTB acionará a Justiça Eleitoral para impedir o registro. Na história brasileira, já existiram dois PSDs, sob o número de legenda 41. O primeiro surgiu em 1945, apoiado pelo presidente Getúlio Vargas, elegeu Eurico Gaspar Dutra, Ulysses Guimarães e Juscelino Kubitschek. Em 1965, foi extinto pelo regime militar. Passada a ditadura, nos anos 80, a sigla foi reativada por Nabi Abi Chedid. Após uma derrota nas urnas, Chedid decidiu, em 2003, incorporar o partido ao PTB e chegou a presidir o diretório paulista dos trabalhistas. Leia também: Calendário e Justiça Eleitoral jogam contra Kassab

Discórdia – O PTB assumiu então dívidas e pendências do PSD de Chedid e adaptou o estatuto para incluir princípios da social-democracia. Aí reside a discórdia. Na visão dos líderes do PTB, o nome e a sigla PSD passaram a pertencer aos trabalhistas e não podem ser usadas por Gilberto Kassab para fundação de um terceiro PSD. “Não se pode refundar o que não está extinto”, afirma o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. “A coisa é tão incipiente, tão oba-oba, que eles pegam qualquer sigla e querem fundar um partido.” Segundo o advogado do PTB, Itapuã Prestes de Messias, os trabalhistas são, até os dias atuais, responsáveis por prestações de contas do PSD. “O PSD está sob a guarda do PTB”, diz. “Escolher o PSD como nome deste novo partido é uma perda de tempo. Eles colherão assinaturas e depois serão questionados na justiça sobre a escolha do nome. Haverá um vício na criação da legenda.” Os advogados comparam a incorporação do antigo PSD ao PTB com a incorporação de duas empresas, com base no direito societário. “Foram incorporados ativo e passivo. Ou seja, o nome, as bandeiras, a história, assim como as dívidas e as prestações de contas do PSD”, explica Luiz Gustavo Pereira da Cunha, que também advoga para o PTB. “Se o PSD tivesse sido extinto, não haveria problema em ressuscitá-lo, mas o partido, ativo, foi incorporado a outro partido. Logo, todo o patrimônio do PSD pertence ao PTB.” Questão de honra – A legenda de Gilberto Kassab enfrenta ataques desde antes de ser oficialmente anunciada. Com o nome provisório de Partido Democrático Brasileiro, foi apelidado de “Partido da Boquinha” por parlamentares do DEM, ex-partido do prefeito. A sigla PSD foi escolhida para fugir do desabonador acróstico e aproximar a legenda, ao menos no nome, do PSB. A ameaça de perder quadros para o partido de Kassab irritou lideranças partidárias pelo país. Mesmo assim, o presidente nacional do PTB jura não agir em represália ao prefeito. “É uma questão meramente jurídica”, diz Jefferson. A ideia de pedir a impugnação partiu do presidente do PTB paulista, deputado estadual Campos Machado. “Tenho a obrigação moral de manter a sigla do PSD com o PTB”, afirma o deputado. “Quando esse imaginário PSD protocolar seu pedido de registro, vamos impugnar. É uma apropriação indébita.” Sigla disponível – Segundo advogados que trabalharam na fundamentação jurídica do PSD de Kassab, o nome aparecia como disponível na Justiça Eleitoral e, por isso, não havia necessidade de pedir autorização do PTB para usá-lo. Na visão dos advogados do prefeito, no momento da incorporação ao PTB, o PSD de Chedid deixou de existir. O PSD não aparece na lista de partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso significa, em tese, que é possível pedir o registro de uma legenda com o nome. Porém, o desfecho do imbróglio é um mistério. Segundo a assessoria do TSE, o tribunal vai se debruçar sobre a questão pela primeira vez. Como nunca julgou um caso semelhante, não há como prever qual será o entendimento dos juízes. Uma certeza ao menos há: o PTB já conseguiu embaralhar ainda mais os planos de Gilberto Kassab.

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