Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Político ganha pouco?

Presidente tem salário de 11.420 reais; parlamentar, de 16.512 reais. Comparado ao que se ganha no mercado de trabalho, não é muito. Mas merecem aumento?

Por Carolina Freitas
9 nov 2010, 14h37

Carreira política tem como objetivo, na essência, servir à população, não enriquecer – por mais que alguns ainda insistam em usá-la para isso.

No Brasil do salário mínimo de 510 reais, políticos recebem remunerações acima dos 10.000 reais e têm pagas pelos cofres públicos despesas com moradia, transporte e saúde. A possibilidade de um aumento dos salários de parlamentares e do presidente reacende a discussão sobre quanto merecem ganhar os representantes do poder público brasileiro.

O presidente da República recebe por mês 11.420,21 reais. Deputados e senadores ganham 16.512,09 reais. O salário do presidente equivale, no mercado de trabalho, ao recebido por um profissional com curso de MBA, em cargo de gerência. O dos parlamentares corresponde ao salário de alguém com curso de pós-graduação ou especialização, em cargo de diretoria. A comparação tem como base dados da pesquisa salarial da Catho Online, feita a partir de 160 mil entrevistas em todo o país.

Mas as comparações não são tão simples assim. Enquanto o trabalhador comum comemora a chegada do 13º salário no fim do ano, por exemplo, os parlamentares recebem ajuda de custo no valor de um salário em fevereiro e outra em dezembro. Na prática, recebem o equivalente a 15 salários a cada ano.

Continua após a publicidade

Para o sociólogo Humberto Dantas, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP) , a remuneração do presidente é razoável diante das responsabilidades do cargo. “Ser presidente pode ser algo excelente, mas é também uma atividade que exige sacrifícios e dedicação integral”, lembra. “Se um executivo do mercado tivesse tantas responsabilidades quanto tem um presidente da República, 80.000 reais seriam pouco para ele.” Mas sempre é necessário lembrar: a carreira política tem como objetivo, na essência, servir à população, não enriquecer – por mais que alguns insistam em usá-la para isso.

Inchaço – Apesar de avaliar como adequada a remuneração do chefe do governo, Dantas vê exagero, por outro lado, na estrutura que cerca os congressistas. Deputados têm direito a contratar até 25 assessores, com custo total de 60.000 reais. Recebem, além disso, cotas mensais entre 23.000 reais e 34.000 reais para custeio de escritórios políticos (aluguel, serviço postal, telefonia), viagens, combustível, segurança e consultoria. No Senado, além da verba indenizatória de 15.000 para manter o escritório político, o parlamentar tem verbas específicas para passagens áreas, gráfica, correio, assinatura de jornais e revistas, telefone e combustível.

“É uma estrutura inchada, que atende quase que somente a interesses eleitorais, para dar publicidade à ação e à figura do parlamentar e, em última instância, reelegê-lo”, afirma Humberto Dantas. “Os assessores contratados trabalham como cabos eleitorais e há pagamento de favores com verbas oficiais, o que não parece a forma mais correta de fazer política.” O número elevado de integrantes do Congresso – 513 deputados e 81 senadores – dificulta a fiscalização do uso desses recursos.

Continua após a publicidade

Casa paga – Além do salário e das verbas para trabalho, os políticos têm a seu dispor um pacote de benefícios para uso pessoal, como moradia e cobertura de gastos médicos e odontológicos. Deputados podem aderir ao plano dos servidores da Casa ou pedir reembolso de serviços particulares, sem limite de valor. Senadores também não têm limite para gastos médicos deles, do cônjuge e dos dependentes. Há ainda uma verba de quase 26.000 para despesas odontológicas e psicoterápicas.

Enquanto o presidente escolhe entre residir no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto, os parlamentares podem morar em apartamentos funcionais em Brasília. As compras para alimentação e os gastos com manutenção da residência do presidente são custeadas pelo estado. Se os congressistas preferirem alugar outro imóvel, deputados recebem auxílio mensal de 3.000 reais e senadores, de 3.800 reais. O que mostra que vida de político é bem diferente do cotidiano de um profissional comum – para boa parte dos brasileiros, o gasto com moradia é o que mais pesa no orçamento doméstico, e chega a responder por metade das despesas de uma família.

Participe da enquete: na sua opinião, quanto devem ganhar os políticos brasileiros?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.