PM abre investigação sobre abusos em ação na Maré
Secretário estadual de Segurança também prometeu investigar agentes, que podem ser punidos com expulsão. Confronto matou 9 pessoas - 3 inocentes
Um inquérito policial militar foi instaurado nesta quarta-feira para apurar as acusações de abusos durante a operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, na terça-feira. A informação foi confirmada pelo Comando de Operações Especiais da PM em seu perfil no Twitter, após reunião com moradores para ouvir a versão deles sobre o que ocorreu no confronto entre criminosos e policiais que começou ainda na noite de segunda. “O principal tema do encontro foi a atuação de policiais do Bope na operação na comunidade Nova Holanda. Equipes da Corregedoria Interna da PM também participaram da reunião”, informou o COE na rede social.
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O conflito começou ainda na noite de segunda-feira, depois que um grupo de viciados em crack, aproveitando-se de uma manifestação que congestionou o trânsito em Bonsucesso, promoveu um arrastão na região, fechando pistas e assaltando motoristas e pedestres. O grupo fugiu em direção à favela Nova Holanda e foi perseguido por policiais do Bope. O sargento Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, de 42 anos, foi morto na troca de tiros. Mas moradores e representantes de organizações não-governamentais afirmam que a tropa agiu de forma truculenta sem distinguir moradores e bandidos.
Outras oito pessoas morreram. A polícia diz que cinco eram bandidos, mas não confirma oficialmente que os outros três eram trabalhadores sem qualquer envolvimento com criminosos. Em nota, a Polícia Civil informou que a investiga “as circunstâncias das mortes e os participantes do confronto”. A apuração das mortes está a cargo da Delegacia de Homicídios (DH), que mandou recolher as armas dos PMs que participaram da ação para realizar perícia. A Secretaria Estadual de Segurança concluiu o planejamento para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo da Maré, mas não informou quando ela será instalada. O policiamento foi reforçado na região nesta madrugada.
Punição – De manhã, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, prometeu investigar e punir excessos de policiais durante a operação. Segundo ele, os envolvidos podem até ser expulsos da corporação. “Essas coisas têm de ser apuradas. Especulação não faz bem a ninguém. Temos aqui mais de 1.500 policiais expulsos. Isso não é problema, e se tiver que expulsar mais, vamos expulsar”, declarou, em entrevista à rádio CBN.. “Infelizmente, o Rio vivia em alguns lugares a lógica da guerra, que não é mais a lógica da polícia. Quando o estado é atacado, nós vamos optar por agir, não vamos optar por nos omitir”, acrescentou.
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