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Fé e coragem: peregrinos ficam hospedados em favela dominada por traficantes

Grupos de estrangeiros e brasileiros de outros estados reclamam da distância dos alojamentos até os eventos da Jornada

Por Cecília Ritto e Carolina Farina, do Rio de Janeiro
23 jul 2013, 16h12

Ir a Roma e não ver o papa é falta grave para um católico. Viajar ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude e não ver o papa, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e os pontos turísticos da cidade não é para menos. Nenhum peregrino quer perder os eventos com a participação do pontífice, mas, no Rio, nem todos os caminhos levam a Francisco – ou os caminhos que levam a ele são longos. Um grupo de 21 argentinos desembarcou no domingo na cidade do Rio, depois de passar uma semana na pré-jornada, em Angra dos Reis, fazendo trabalho voluntário. O destino na capital era a Vila Kennedy, lugar do qual jamais ouviram falar. Fica a cerca de 50 quilômetros de Copacabana e é considerado um dos lugares mais perigosos do Rio, com uma guerra entre traficantes que produz cenas repetidas de tiroteios e baleados.

A Vila Kennedy fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro e foi construída na década de 1960 para abrigar os moradores de favelas removidos da Zona Sul. Hoje, o local é uma grande favela nos arredores de Bangu. De lá um morador se inscreveu como voluntário para receber peregrinos. E, assim, os 21 argentinos foram estacionar seus colchonetes e sacos de dormir numa área temida até pelos moradores.

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“Pegamos um ônibus em Angra dos Reis para ir até Santa Cruz. Depois, uma Kombi até a Vila Kennedy. Quando chegamos, vimos que era uma favela”, conta Laura Zuqui, de 30 anos. “Falaram para nós andarmos sempre em grupo, não nos separarmos, colocarmos a mochila sempre para frente e esconder o dinheiro”, complementa Sol Dianti, de 19 anos. O grupo tem feito os trajetos acompanhados das pessoas da casa onde estão hospedados.

Serra – Outro grupo, com cinquenta chilenos, foi parar em uma paróquia de Petrópolis, na Região Serrana, no dia 19 de julho. A distância até Copacabana é de aproximadamente 75 quilômetros, com uma serra no meio do caminho e muito trânsito para complicar a viagem. Na segunda, os jovens, que têm entre 14 e 17 anos, aproveitaram a passagem do papa pelo centro do Rio para pedir aos voluntários que os ajudassem a arrumar outra hospedagem.

No mesmo dia, o venezuelano Ricardo Azuare, de 22 anos, chegou com sua mala à Catedral Metropolitana do Rio, por onde começou o trajeto do papamóvel. O rapaz veio sozinho para a Jornada e descobriu que passaria a semana na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. “O papa Francisco me motivou a vir pelo carisma que tem e por ser latino-americano. Chegando ao Rio, descobri que ficaria em Caxias. Como conheci um grupo de mexicanos, vou tentar ficar com eles em um lugar um pouco mais perto”, afirmou.

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Brasileiros também reclamaram do local da hospedagem. A reportagem do site de VEJA encontrou um grupo de dezesseis jovens vindos do Amapá. Foram todos para Madureira, na Zona Norte do Rio. “Não sabíamos que ficaríamos tão longe. Pegamos um taxi do Aeroporto do Galeão até o local e pagamos 85 reais”, reclama Samara Lopes, de 19 anos. O grupo queixa-se da caminhada de 20 minutos da paroquia onde estão até o metrô e da necessidade de ainda precisar pegar um ônibus.

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Segundo a freira Graça Maria, diretora de hospedagem da Jornada Mundial da Juventude, os peregrinos são avisados sobre o endereço onde ficarão instalados no Rio quando desembarcam, no aeroporto ou nos pontos de ônibus. No trajeto até a casa de família ou à paróquia, ginásios ou escolas que abriram as portas aos peregrinos, ninguém acompanha. “Quem reclama é porque não está acostumado com esse tipo de deslocamento”, diz a freira.

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