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O fim da longa união entre o PMDB do Rio e o Planalto

Pesquisas mostrando alta rejeição a Lula e ao PT no estado selaram a ruptura depois de uma década de próspera aliança. Pragmática, decisão mira as próximas eleições

Por Da Redação 1 abr 2016, 19h44

A convenção do PMDB que decidiu pelo desembarque do governo teve especial impacto no Rio de Janeiro, a última seção do partido que ainda apoiava em peso a presidente Dilma Rousseff. A aliança vinha de longe: nasceu de um pacto selado em 2006 entre o então presidente Lula, que precisava de um aliado no Sudeste para contrapor a São Paulo e Minas Gerais, dois redutos tucanos, e o então governador Sérgio Cabral, que precisava de verbas federais para tocar obras e fortalecer sua liderança no estado. A conjunção de interesses foi facilitada pela simpatia mútua. Os dois compareceram a dezenas de compromissos juntos e a convivência atraiu para a aliança duas figuras-chave do círculo de Cabral, o prefeito Eduardo Paes e o vice que viria a substituí-lo, Luiz Fernando Pezão. Agora, é um para lá e três para cá.

O turbilhão de denúncias envolvendo a operação Lava-Jato e a expectativa de o partido chegar à presidência com Michel Temer já seriam motivos para apressar o fim do casamento do PMDB do Rio com o PT. Jorge Picciani, deputado estadual e presidente do PMDB-RJ, enumera outros três episódios que levaram ao divórcio. “O desgaste da delação do (senador) Delcídio, da divulgação dos áudios do Lula e da posterior nomeação dele para ministro foi decisivo”, afirma o cacique fluminense, brandindo uma pesquisa que mostra que 80% dos cariocas se opõem à ida do ex-presidente para a Casa Civil. O marqueteiro Renato Pereira, que fez as campanhas de Cabral e Paes, também possui indicadores que revelam que mais de 40% dos eleitores do estado do Rio rejeitam o PT, o triplo da rejeição a outras siglas.

Internamente, a decisão dos peemedebistas fluminenses de se descolar do governo foi tomada bem antes da decisão formal do partido. O antigo pacto foi declarado morto na primeira quinzena de março, em um encontro entre Picciani, Paes e Cabral no Palácio da Cidade. “Política tem timing, não podemos demorar a sair”, alertou Cabral, que mesmo afastado do poder continua a influir nas decisões do PMDB local. Um dos maiores receios na cúpula são os respingos da turbulência política sobre o prefeito Eduardo Paes. O governo estadual já foi engolido pela crise – a falta de recursos fez sua popularidade despencar. Mas espera-se que Paes, que tem na manga o trunfo da Olimpíada e no horizonte a eleição de seu substituto, possa ser preservado de maior desgaste.

A partir da reunião de março, começou o trabalho de bastidor para efetivar a ruptura. Coube a Jorge Picciani articular a virada na posição do PMDB fluminense, experiente que é em se adequar às circunstâncias. Idealizador do “Aezão” em 2014, a chapa que unia Pezão a Aécio Neves, em meados do ano passado esteve no Planalto para reafirmar a Dilma seu apoio e o do filho, o deputado federal Leonardo Picciani, hoje líder do PMDB na Câmara; saíram do encontro com carta-branca para indicar dois ministros, da Saúde e da Ciência e Tecnologia. Agora, um dos nós que Jorge precisa desatar é justamente o da posição de Leonardo na Câmara. “Ele ainda não definiu se votará pelo impeachment”, afirma Picciani pai, que há duas semanas almoçou com Michel Temer e Moreira Franco em São Paulo para tratar do pós-Dilma.

Pouco antes da convenção geral do PMDB, Lula se mobilizou para tentar reverter o cenário, em telefonemas a Cabral e Paes. Do primeiro, recebeu tratamento gélido e nenhum sinal positivo. Do prefeito – “soldado” do ex-presidente, na célebre gravação da PF, que ainda em dezembro pedia assinaturas para um manifesto contra o impeachment –, ouviu um escorregadio “Jorge Picciani é que está cuidando disso”. Procurados, nem Cabral nem Paes quiseram dar entrevistas. A partir de agora, a orientação ao prefeito é que bata na tecla de que Brasília não é problema seu e a Olimpíada é seu foco. Os demais integrantes do partido, porém, não estão sujeitos a tais tangenciamentos. Na semana passada, os deputados Pedro Paulo Carvalho, pupilo de Paes, e Marco Antonio Cabral, filho de Sérgio Cabral, votaram na convenção do PMDB pelo fim da aliança com o governo federal.

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