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Na Chácara Três Meninas, 400 famílias à deriva

Bairro vizinho ao Jardim Romano foi esquecido pelas autoridades

Por Carolina Freitas
14 jan 2011, 15h49

Rivânia Maria dos Santos, dona de casa: “Eu não durmo mais de noite. Eu fico sentada na cama, com medo de a água crescer”

Para o Jardim Romano, uma obra de drenagem de 70,5 milhões de reais. Para a Vila Itaim, a promessa de uma solução para as enchentes até o próximo verão. Para a Chácara Três Meninas, nada. Os três bairros fazem parte de uma mesma região da zona leste de São Paulo, o Jardim Pantanal. O Romano e a Vila Itaim estão na várzea do Rio Tietê, mas o Três Meninas está além, à beira do curso d´água. Com as chuvas de verão, à deriva.

O rio, cheio, corre rápido ao lado das construções. A água, mesmo quando não alaga o bairro, verte do chão dentro das casas. Lá vivem, em meio ao lixo e ao esgoto, cerca de 400 famílias em casas de madeira ou de tijolos sem reboco. A área é invadida. Não há asfalto, saneamento ou energia elétrica.

“Tomamos a luz emprestada dos vizinhos”, diz Maria de Fátima Souza, de 57 anos, que vive de bicos como auxiliar de limpeza. “Vou esperar o que Deus quer. Abandonar minha casa eu não posso. Se eu tivesse dinheiro para pagar aluguel, água e luz, eu não tava aqui.” Há nove anos, ela comprou por 3.500 reais a casa de dois cômodos. Nada lhe falaram sobre os alagamentos e não lhe ocorreu se o imóvel era ou não regular.

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Prioridade – O subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli, levou um relato sobre a situação no bairro para uma reunião com o Departamento de Águas estadual (DAEE), mas já avisa que o foco de atuação neste verão será outro. “Vila Itaim tem prioridade. A Chácara Três Meninas é uma área de proteção ambiental, é área invadida. É outra situação”, diz, sem apontar soluções. O bairro corre o risco de ser totalmente desapropriado, pois no local o governo estadual criará um parque, para preservar a várzea do Tietê.

Enquanto isso, a situação no bairro piora. Com água suja por todos os lados, crianças estão com febre e feridas nas pernas. “Pedimos para trazer um médico aqui, mas até agora nada”, conta Marcos Roberto Guimarães, de 28 anos, pai de seis. Ele diz não ter interesse no auxílio-aluguel oferecido pela prefeitura. “Nós queremos trocar uma casa por outra. A população quer uma indenização justa que dê para comprar uma casa num lugar digno.”

A dona de casa Rivânia Maria dos Santos, de 57 anos, se recupera de uma cirurgia no intestino. Para chegar até sua cama sem molhar tanto os pés, fez um caminho de tijolos da porta até lá. “Eu não durmo mais de noite. Eu fico sentada na cama, com medo de a água crescer.”

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