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MP da Itália quer extradição de Pizzolato para o Brasil

Ministério Público de Bolonha afirma que mensaleiro não sofreu processo político, como alega defesa. Posicionamento surpreende governo brasileiro

Por Da Redação
23 abr 2014, 09h54

O Ministério Público da Itália manifestou-se pela extradição ao Brasil de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil condenado a doze anos e sete meses de prisão no julgamento do mensalão. O parecer da promotoria italiana pegou as autoridades brasileiras de surpresa.

O caso será agora avaliado pelos juízes do Tribunal de Bolonha em uma audiência que deve ocorrer na segunda metade de maio. Para fontes diplomáticas e pessoas próximas ao processo, a posição do Ministério Público da Itália é um passo “importante”, por causa do histórico da Justiça italiana de rejeitar pedidos de extradição do gênero.

Acadêmicos do Brasil e da Itália consideravam baixa a possibilidade extradição, já que Pizzolato também é cidadão italiano e, por tradição, Roma não deporta seus nacionais. Ainda assim, o governo brasileiro encaminhou o pedido. O parecer do Ministério Público italiano foi encaminhado ao Judiciário no início de abril.

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No documento, os promotores consideram que Pizzolato não sofreu um processo político no Brasil, como foi argumentado por ele e por seus advogados. Os italianos consideraram que o julgamento no Supremo, mesmo tendo ocorrido apenas em uma instância, foi adequado. Isso ocorreu pois o processo do mensalão também envolvia políticos com mandato no Congresso e, portanto, com prerrogativa de foro privilegiado. Pizzolato foi condenado em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Ele fugiu para a Itália antes da execução da pena, com passaporte falso de um irmão morto há 35 anos. Em fevereiro deste ano, o mensaleiro foi capturado na casa de um sobrinho na cidade de Maranello, norte da Itália, e levado para a prisão em Módena, próximo dali. Prisão – O Ministério Público de Bolonha também não considera que a situação das prisões brasileiras seja um obstáculo, com a condição de que, uma vez extraditado, as autoridades nacionais garantam que condições mínimas sejam atendidas. Na semana passada, atendendo a um pedido da Justiça italiana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peticionou o Supremo e o Ministério da Justiça para que indique estabelecimento prisional para abrigar Pizzolato, caso seja decidida a extradição.

“O objetivo é o esclarecimento quanto à existência de unidade carcerária em que sejam respeitados os direitos fundamentais da pessoa humana”, justificou Janot. O STF e o Ministério da Justiça informaram que ainda analisam a demanda da procuradoria.

Se a Justiça italiana decidir pela extradição, Pizzolato ainda poderá recorrer antes que o caso chegue às mãos do Ministério da Justiça do país europeu – as decisões por extradição são, no fim, políticas.

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Na sua defesa, Pizzolato afirmou: “Fui condenado ao final de um processo político por parte do órgão judiciário supremo, ao lado de ministros do governo Lula e de deputados do Partido dos Trabalhadores. Diferente do que é previsto no ordenamento brasileiro, não fui julgado em outros graus, provavelmente porque estou ligado ao sindicato e ao partido”. O mensaleiro apela para cumprir a pena na Itália: “Quero ficar na Itália até o fim da minha vida. Não tenho mais para onde ir”.

Pizzolato ainda terá de responder por ter usado passaporte e outros documentos falsos na Itália. Há também a suspeita de lavagem de dinheiro em negócios ligados a Valter Lavitola antigo aliado do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi. Caso seja condenado por algum desses crimes, ele poderá cumprir a pena equivalente no Brasil, caso seja extraditado.

(Com Estadão Conteúdo)

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