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Livros-caixa do laboratório de doleiro ‘sumiram’ um mês antes de operação da PF

Laboratório Labogen é apontado como empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef. Notícia do sumiço dos livros foi divulgada em jornais

Por Da Redação
2 Maio 2014, 10h26

Um mês antes da Operação Lava-Jato ser deflagrada pela Polícia Federal, o laboratório Labogen, cujo dono é o doleiro Alberto Youssef, divulgou uma nota em jornais da região de Indaiatuba, no interior de São Paulo, informando sobre o sumiço de pelo menos dez livros da contabilidade do laboratório.

A empresa, que tem sede no interior paulista, é apontada como carro-chefe do esquema de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, 10 bilhões de reais teriam sido movimentados no esquema controlado principalmente pelo doleiro.

A nota divulgada pelos jornais e endereçada “ao mercado em geral, para os devidos fins” foi publicada no dia 18 de fevereiro. Sob o título “Comunicado de extravio de livros”, o laboratório, registrado com o nome Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia, destaca que naquela data foi constatado o extravio dos livros da companhia – documentos que incluem atas de assembleias gerais, registro de ações nominativas e livros com anotações contábeis.

A operação da PF foi deflagrada na madrugada de 17 de março, menos de um mês depois do Labogen vir a público comunicar o desaparecimento dos registros.

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Os investigadores estranham o desaparecimento da papelada, que coincidiu com o avanço da operação. Suspeitam que a ocorrência pode ter sido forjada para tentar despistar que o verdadeiro controlador do laboratório é o doleiro Youssef. A polícia trabalha ainda com a hipótese de que Youssef soube antes da Operação e que teria ‘dado um fim’ aos registros contábeis do Labogen.

A PF descobriu que Youssef tentou emplacar contrato milionário no Ministério da Saúde, durante a gestão do então ministro Alexandre Padilha, no âmbito de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs).

Em setembro de 2013, os investigadores interceptaram comunicações que mostram como estava adiantada a negociação entre a organização liderada por Youssef e a pasta.

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Padilha, que agora concorre nas eleições de outubro ao governo do Estado de São Paulo, nega qualquer relação com Youssef.

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No dia 9 de março, Raquel Damasceno Pinheiro, em nome do ministério, enviou e-mail para o administrador do Labogen, Leonardo Meirelles. “A pedido do dr. Eduardo Jorge Valadares Oliveira, diretor do Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde, encaminho para seu conhecimento cópia do ofício 237/13, emitido em 6 de setembro/2013.”

O ofício mencionado no e-mail era subscrito pela diretora substituta do Departamento do Complexo Industrial – órgão do Ministério da Saúde -, Nadja Naira Valente Bisinoti, que solicitava um “agendamento de visita técnica na unidade fabril desta empresa em 20 de setembro de 2013”. O objetivo da inspeção era “verificar a viabilidade do laboratório (Labogen) em atuar em PDPs”, em parceria com o Ministério da Saúde.

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A PF captou troca de e-mail entre Meirelles e um advogado da organização logo após a notícia do agendamento da visita do Ministério da Saúde na sede do laboratório. Para os investigadores, o conteúdo dessas correspondências confirma que o Labogem era fachada.

“Vamos todos pra lá a partir de quarta”, afirmou Meirelles. O advogado respondeu. “Se precisar eu boto o capacete e o macacão e caio pra dentro da obra também. Retroceder nunca, render-se jamais.”

O negócio, que acabou não sendo concretizado, não seria executado pelo Labogen, mas por uma indústria farmacêutica de grande porte que fecharia parceria com o laboratório, sem que os detalhes constassem na parceria com o Ministério da Saúde.

(Com Estadão Conteúdo)

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