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Justiça restringe visitas a ex-diretor da Petrobras e doleiros

Acesso a presos pela PF acusados de lavagem está limitado a parentes e advogados que tenham vínculo com processo. Como revelou VEJA, deputado André Vargas (PT) enviou emissário para negociar silêncio de Alberto Youssef

Por Daniel Haidar e Felipe Frazão
8 abr 2014, 01h03

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, determinou nesta segunda-feira que haja “melhor controle” do acesso aos presos da operação Lava-Jato, que estão na carceragem da Polícia Federal no Paraná. Foram detidos preventivamente 13 acusados de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de 10 bilhões de reais. Entre eles estão Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema investigado. A decisão de Moro foi motivada pela revelação, em VEJA desta semana, de que o deputado federal André Vargas (PT-PR) enviou um emissário à carceragem para negociar o silêncio do doleiro. O recado de Vargas foi claro: “Se eu cair, levo gente de cima”.

Como mostrou VEJA, Vargas e Youssef trabalhavam de maneira coordenada para obter contratos para o laboratório Labogen, de propriedade do doleiro, com o Ministério da Saúde. Nas conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça, Vargas informa que “vai atuar” em favor dos interesses de Youssef. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta.

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De acordo com a decisão, a Polícia Federal deve ser mais rigorosa e permitir apenas o acesso aos presos de seus familiares e advogados que tenham anexado procuração nos autos do processo. “A fim de evitar prejuízo à colheita da prova, entendo que o acesso aos referidos presos deve ser melhor controlado, evitando influências indevidas. Assim, fica permitida quanto aos presos neste feito apenas visitas dos seus respectivos defensores, com procuração nos autos, e dos familiares. Certamente, também permitido o acesso pela própria autoridade policial e pelos agentes do MPF. Fica vedado o acesso de terceiros aos presos”, afirmou o juiz em decisão nesta segunda-feira.

O acesso à carceragem estava aberto até para advogados que não tinham vínculo formal com o processo. Conforme reportagem do site de VEJA, um defensor de Paulo Roberto Costa levou um lanche para o ex-diretor no dia 27 de março. De acordo com a versão divulgada pela Polícia Federal na ocasião, a entrada de comida e bebida foi vetada. Os presos estão misturados na carceragem, o que já facilita conversas para combinar versões. Influências indevidas de terceiros podem atrapalhar ainda mais a obtenção de provas.

Também nesta segunda-feira a Justiça Federal decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos da Polícia Federal que citam o deputado André Vargas no âmbito da Operação Lava-Jato. A remessa dos autos ao Supremo ocorrerá por causa do foro privilegiado do parlamentar, que pediu afastamento da vice-presidência da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira por dois meses.

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“Revendo os autos constato que, entre os diversos fatos investigados, foram colhidos, em verdadeiro encontro fortuito de provas, elementos probatórios que apontam para relação entre Alberto Youssef e André Vargas, deputado federal”, escreveu Moro. “Prematura a afirmação de que tal relação teria natureza criminosa. De todo modo, falece a este juízo competência para processar e julgar feito envolvendo deputado federal.”

Caberá agora ao STF decidir pelo prosseguimento da investigação sobre as relações do petista com o doleiro. O juiz determinou a separação das provas obtidas pela Polícia Federal sobre a relação entre Vargas e Youssef dos demais relatórios da Lava-Jato. A PF apura a prática de crimes financeiros, corrupção e lavagem de dinheiro. Apenas a parte relacionada ao petista será enviada ao STF, em até dez dias. Moro decidiu dar continuidade, na Justiça Federal do Paraná, às investigações sobre “supostos crimes de evasão de divisas, corrupção de empregado público da Petrobras e crimes de lavagem de dinheiro (até de produto de tráfico de drogas)”.

Sociedade – A situação de Vargas se agravou após reportagem de VEJA revelar novos detalhes de sua estreita ligação com o doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Youssef, a quem Vargas chamava de “irmão”, pagou um jato para o petista viajar nas férias. E os laços não param por aí: VEJA mostrou que o deputado petista e o doleiro trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o governo federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal mostram que Vargas exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef.

As investigações da PF mostram que Vargas articulava para ajudar o doleiro a obter um contrato com o Ministério da Saúde. Em mensagens trocadas em setembro do ano passado e interceptadas pela PF, Youssef fez um apelo a Vargas: “Tô no limite. Preciso captar”. O vice-presidente da Câmara prontamente respondeu: “Vou atuar”. No mesmo dia, técnicos do Ministério da Saúde, então comandados por Alexandre Padilha, hoje candidato ao governo de São Paulo, foram destacados para certificar o laboratório farmacêutico Labogen Química Fina e Biotecnologia, de propriedade do doleiro. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta.

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