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Governo do Acre coloca haitianos em risco, diz secretária de Justiça de SP

Eloisa Arruda classificou como irresponsável a atitude do governo do Acre de embarcar imigrantes sem assistência rumo ao Sudeste do país

Por Mariana Zylberkan
28 abr 2014, 20h21

Há duas semanas, São Paulo tem recebido diariamente ônibus lotados de haitianos despachados pelo governo do Acre. O envio sem aviso dos imigrantes que chegaram ao Brasil pelas fronteiras do Acre tem causado problemas para alguns Estados, que não se prepararam para recebê-los. A secretária de Justiça de São Paulo, Eloísa Arruda, apontou os riscos de embarcar os imigrantes sem documentação adequada e chegou a afirmar que o governo do Acre age como “coiote”. Para tentar justificar a medida, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, acusou Eloísa de preconceito porque os imigrantes são “negros e pobres”: “Se fossem ingleses, alemães e canadenses, a secretária estenderia um tapete vermelho para recebê-los”, disse. Eloísa rebate: “Colocar pessoas em absoluta vulnerabilidade não me parece uma ação de governo. E se acontece um acidente na estrada que resulte na morte desses imigrantes, quem se responsabiliza por eles?”. Leia a entrevista da secretária ao site de VEJA.

Leia também: Sem mão de obra, Santa Catarina importa haitianos

Rota dos haitianos para o Brasil: os perigos no caminho

O que levou a senhora a reagir à vinda dos imigrantes haitianos para São Paulo? A chegada dos haitianos já vem acontecendo há algum tempo, já temos aqui uma população de mais de 2.000 haitianos. Causou espanto foi o fato de na última semana ter chegado 700 haitianos sem qualquer tipo de comunicação do governo do Acre. Eles estão sendo colocados em ônibus em Rio Branco (AC) e em Porto Velho (RO) sem qualquer acompanhamento. A maneira como o governo do Acre vem fazendo esse deslocamento de pessoas é irresponsável. Elas não falam português e são presa fácil do tráfico de drogas.

Há indícios de aliciamento pelo tráfico de drogas? Pedimos reforço da segurança pública no Glicério [região central de São Paulo] porque temos conhecimento de que os traficantes estão rondando a região. O reforço é por cautela. Colocar pessoas em absoluta vulnerabilidade não me parece uma ação de governo. O correto seria elas saírem do Acre com seus documentos em ordem, o que não está acontecendo. Deveria ter sido feita uma logística do transporte, com o acompanhamento de uma assistente social, além de outro profissional para recepcioná-los. Assim como o encaminhamento já planejado para abrigos da prefeitura, além da organização prévia das refeições diárias. E se acontece um acidente na estrada que resulte na morte desses imigrantes, quem se responsabiliza por eles? Isso coloca o Brasil em uma situação de fragilidade perante a comunidade internacional. Tudo tem que ser feito de forma a proteger as pessoas. O governo do Acre coloca essas pessoas em situação de desproteção.

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Por que essa crise foi deflagrada agora? A cheia do Rio Madeira teve reflexo nisso, mas eles não podem transferir uma situação emergencial para outro Estado sem avisar. Nunca o governo do Estado de São Paulo se negou a receber imigrantes. Pelo contrário. Nós não estamos tendo uma postura elitista, higienista, a nossa atitude é de preocupação com o destino dessas pessoas.

O Brasil ainda não tem experiência em receber fluxo imigratório tão grande? Não temos. É preciso pensar melhor como iremos trabalhar a questão da imigração e até criar um pacto nacional de imigração. Não é possível que os vistos sejam emitidos sem que possamos recebê-los de forma digna dentro do território nacional.

Essa questão virou um debate partidário? Acredito que não. Tanto o governo do Estado quanto a prefeitura de São Paulo estão envolvidos no mesmo propósito, que é acolher bem essas pessoas. O governo de São Paulo é de um partido, e a administração municipal, de outro, mas a leitura sobre o incidente é a mesma. É uma questão humanitária e não partidária.

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