Gaviões da Fiel promete expulsar quem incendiou carro
Diretoria da escola vai ajudar a polícia a identificar quem colocou fogo no carro da Pérola Negra após tumulto na apuração do resultado do Carnaval
A Gaviões da Fiel comprometeu-se nesta sexta-feira a ajudar a polícia a identificar os integrantes da torcida organizada que incendiaram um carro alegórico na saída do Sambódromo do Anhembi. Na terça-feira, após um tumulto durante a apuração do resultado do Carnaval, centenas de torcedores depredaram grades do Anhembi e ao menos dois lançaram coquetéis contra carros alegóricos que estavam no estacionamento do Sambódromo. Um deles, da Pérola Negra, foi completamente consumido pelo fogo. Veja imagens.
“Se identificados, eles serão expulsos sumariamente”, afirmou o advogado da Gaviões da Fiel, Davi Gebara Neto, após deixar a Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista, na região central de São Paulo. Gebara acompanhou o vice-presidente da escola, Wagner da Costa, em depoimento ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que investiga a confusão no Anhembi. Costa falou na condição de testemunha e não será indiciado por participação no tumulto.
Questionado por jornalistas sobre por que estava próximo ao alambrado no momento da confusão, respondeu: “Queríamos conversar com os dirigentes da Liga. Não era cabível aquele 8,9 dada por um dos jurados novos à Gaviões”, disse, em referência à nota da jurada Mary Dana à evolução da escola de samba. “As imagens provam que Wagner não estava lá no momento da confusão nem invadiu área de votos”, disse o advogado da agremiação. “Em toda apuração há pressão dos diretores. É normal.”
O integrante da Gaviões Cauê Ferreira, preso na terça-feira durante a confusão, foi solto nesta sexta-feira. A fiança de 12.400 reais foi paga pela manhã pela escola. Tiago Faria, da Império de Casa Verde, foi libertado. “Cauê não será expulso. Negamos que ele tenha cometido os crimes apontados pela polícia”, disse o advogado. Cauê foi indiciado por supressão de documentos e dano ao patrimônio público.
Depoimentos – Após Costa, foi ouvido no final da tarde o presidente da Pérola Negra, Edílson Carlos Casal. Ele prestou esclarecimentos em dois inquéritos: pelo tumulto na hora da apuração e pelo incêndio de um dos carros alegóricos da sua escola. “Entrei na área reservada porque queria falar com o presidente da Liga sobre as notas dadas à Pérola”, disse Edílson, ressaltando que tinha acesso livre à mesa onde estavam sendo lidos os quesitos por ser vice-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba.
Para a polícia, as imagens confirmam que Edílson não participou da invasão nem da destruição das notas dos jurados. Assim como os outros dirigentes ouvidos até agora, Edílson negou que a confusão tenha sido causada propositalmente para acabar com a apuração. Izidro Santos Falcão Branco, advogado da Pérola Negra, disse que se ficar comprovado que foram integrantes da Gaviões da Fiel que atearam fogo no carro da escola, será cobrado da agremiação o ressarcimento do prejuízo, que chega a 80.000 reais.
Segundo ele, a proposta para que nenhuma escola fosse rebaixada pela troca de jurados, feita dias antes dos desfiles, chegou a ser colocada na reunião com os presidentes das agremiações antes do início da apuração. “Mas a proposta foi descartada de imediato”, afirmou.
O delegado que coordena as investigações, Luís Fernando Saab, disse que algo foi combinado pelos dirigentes das escolas, pelas reuniões feitas por eles durante a apuração. “Queremos descobrir se essas reuniões tiveram algo a ver com a destruição das notas pelo Tiago”, disse. Por ser uma peça chave no ocorrido, Tiago Faria pode voltar a ser ouvido pela polícia agora que está em liberdade, afirmou o delegado. Saab disse também que se surgirem novos elementos que incriminem os dirigentes que já prestaram depoimentos, eles poderão ser indiciados.
A presidente da Tom Maior, Luciana Silva, também era esperada nesta sexta, mas avisou ao delegado que não poderá depor hoje por ter acabado de receber a notificação para falar. Na segunda-feira, a polícia ouve os presidentes da Rosas de Ouro, Angelina Basilio; da Liga das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira; da Vai-Vai, Darly Silva; e os diretores da Vai-Vai Renato Maluf e Caio de Souza Santos.
O delegado responsável pela investigação do episódio indiciou na quinta-feira o diretor de carnaval da Camisa Verde e Branco, Alexandre Salomão, por supressão de documentos e danos ao patrimônio público. Salomão aparece em fotos e filmagens rasgando envelopes que estavam sobre a mesa dos jurados durante a confusão. A perícia das imagens do local da apuração e do material apreendido deve ser concluída em 30 dias.
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