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‘Foi tratada como bicho’, diz marido de mulher arrastada por viatura

Claudia Silva Ferreira foi colocada no porta-malas do carro para ir ao hospital, após ser baleada, mas o compartimento se abriu e ela ficou pendurada

Por Da Redação
17 mar 2014, 15h22

Cerca de 100 pessoas interditaram, por volta das 13h40 desta segunda-feira, as duas pistas da Avenida Ministro Edgard Romero, principal via de Madureira, Zona Norte do Rio. Carregando faixas pretas e com críticas à Polícia Militar, os manifestantes protestam contra a morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, na manhã de domingo. Atingida por dois tiros durante operação policial no Morro da Congonha, Claudia foi colocada no porta-malas de um carro da PM para ser levada ao hospital. No meio do caminho, a tampa do compartimento abriu, ela ficou pendurada por um pedaço de roupa no para-choque do carro e foi arrastada por pelo menos 250 metros.

Policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda) acompanham o protesto para evitar que mais ônibus sejam incendiados. Na noite de domingo, dois coletivos foram destruídos e uma viatura da PM, apedrejada. O corpo de Claudia foi enterrado no início da tarde no cemitério de Irajá, também Zona Norte. Cerca de 200 pessoas, entre parentes, vizinhos do Morro da Congonha e colegas da empresa onde ela trabalhava, acompanharam o cortejo fúnebre.

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Reprodução

Vídeo mostra vítima sendo arrastada no asfalto, pendurada em carro

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Muito emocionado, o marido de Claudia, o vigia Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos, disse que a mulher “foi tratada como bicho”. “Nem o pior traficante do mundo deveria ser tratado assim. Claudia havia acabado de sair de casa, por volta das 8h, para comprar pão, quando um grupo de quatro ou cinco policiais entrou na comunidade. Não teve troca de tiros com traficantes, só os PMs atiraram. Se ela tivesse ficado em meio ao fogo cruzado, teria sido atingida pelos dois lados, e não foi isso que aconteceu. Ela era guerreira, determinada, batalhadora, objetiva. Era pau para toda obra. Até a assentar tijolo ela aprendeu para me ajudar com a construção da nossa casa. O jeito agora é ter força para criar nossos quatro filhos”, disse o viúvo.

O feirante Carlos Roberto Francisco da Silva foi a primeira pessoa que encontrou Claudia depois de ser baleada. “Eles (os policiais) viram os bandidos correndo e começaram a atirar. Cheguei a avisar para terem cuidado porque havia vários moradores na rua. Escutei os tiros e, quando fui ver, minha comadre (Claudia) já estava caída no chão”, contou Silva. A filha caçula da vítima, de 10 anos, estava em casa quando ouviu os disparos. “Acordei com o barulho e, quando fui ver o que estava acontecendo, vi minha mãe caída no chão. Ela não estava consciente e vi quando os policiais a colocaram na caçamba da viatura”, disse a menina.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. A 29ª DP (Madureira) aguarda a conclusão do laudo cadavérico, que vai apontar se a causa da morte de Claudia foram os tiros ou o fato de ela ter sido arrastada durante o socorro. Os PMs envolvidos na ocorrência prestarão novos depoimentos. Três policiais estão presos administrativamente desde domingo por determinação do comando do 9º Batalhão. A corregedoria da PM abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Os três PMs estão sendo ouvidos pela corregedoria nesta tarde.

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(Com Estadão Conteúdo)

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