Exposição Humanidades 2012 já atraiu 140 mil pessoas ao Forte de Copacabana
Para chegar à mostra, é necessário enfrentar uma fila de mais de duas horas. A estimativa de 10 mil visitantes por dia foi superada, e o espaço de sete mil metros quadrados já é o maior sucesso da Rio+20
Se os impasses e a falta de consenso põem em xeque a eficiência do documento final da Rio+20, um sucesso já está garantido: a exposição Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, zona sul da cidade. De terça-feira a domingo, 140 mil pessoas estiveram na mostra. Os organizadores, que inicialmente estimavam a presença de 10 mil visitantes por dia, deixam agora o número em aberto. Só no sábado, 45 mil pessoas formaram uma fila que saia do forte e quase chegava à praia do Arpoador, um percurso de cerca de 300 metros. Nesta segunda, o panorama era semelhante. Para entrar na exposição, os interessados aguardavam mais de duas horas na espera.
A partir de sábado, duas providências foram tomadas. A organização ampliou em uma hora o horário da exposição, que agora encerra às 22h. Outra medida foi criar uma segunda fila. Desde domingo, passou a existir uma fila fora do Forte de Copacabana e uma dentro. Na noite desta segunda, os visitantes aguardavam cerca de meia hora até acessar o forte. Quando a entrada era liberada do lado de dentro, havia uma segunda fila, ainda maior, de aproximadamente duas horas. “Ai meu Deus, ainda há outra fila”, era o comentário mais ouvoido.
Carolina Luz, estudante de arquitetura de 21 anos, foi à mostra no domingo. Tentou às 10h, horário da abertura, e encontrou uma quantidade de pessoas à sua frente que decidiu voltar às 20h. Gostou do que viu e, um dia depois, levou a mãe e enfrentou a demora novamente. Um grupo de professores da escola pública Professor Fauze Scaff Gattass Filho de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, também estava no aguardo para chegar à Humanidade 2012. “Viemos para a Rio+20. Trabalhamos muito com a questão ambiental na escola, onde fazemos reciclagem e cuidamos de uma horta”, disse Laurizette Cação Nicolau, professora da Artes, que promove na escola um desfile com roupas feitas por materiais recicláveis.
A ideia é aplicar na instituição novas práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, trabalhar a temática da Rio+20 em sala de aula. “Para quem andou 24 horas de ônibus para chegar ao Rio essa fila não é nada”, afirmou Laurizette. Se do colégio do Mato Grosso do Sul só vieram os professores, as escolas do Rio têm feito caravanas, que já levaram à exposição 11 mil alunos. Para terça, mais de 30 escolas estão cadastradas para conhecer a mostra.
Nesta segunda, uma hora antes de abrir a exposição, às 9h, a fila era longa. Às 18h30, a economista Luciana Ayres estava na fila, que tomava conta de um quarteirão da rua Francisco Otaviano. Saiu do trabalho e foi direto com o filho, estudante do 3º ano do ensino fundamental. Por causa dele, que ficou animado ao ouvir os professores comentarem sobre a Humanidade 2012, a mãe encarou o posto de última da fila. Apesar da demora para conseguir entrar, porque “só” cabem no espaço cinco mil pessoas, ninguém reclamava da demora nesta segunda. A possibilidade de participar de alguma forma da Rio+20 era o suficiente para encarar, sem problemas, duas horas de espera.