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“Eu não consigo cuidar de tudo”, diz Wagner Rossi

Apesar de insistir em defender sua pasta, o ministro da Agricultura dá sinais claros de que não tem controle sobre o que acontece embaixo do próprio nariz

Por Adriana Caitano
8 ago 2011, 18h42

Pela terceira vez desde que VEJA revelou os primeiros indícios de que a pasta que comanda está mergulhada em atos suspeitos, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, resolveu expor a própria imagem na tentativa de manter-se no cargo.

Na semana passada, quando Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), revelou a VEJA a existência de de um esquema de corrupção na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ministro afirmou a parlamentares e à imprensa não haver irregularidades na estatal, somente “imperfeições”. Nesta segunda, diante de novos fatos, Rossi repetiu a ação, dizendo que esclareceria tudo. Mas disse somente o que quis, entrou em contradição e se colocou como vítima de uma ação orquestrada para desestabilizá-lo.

VEJA revelou, em reportagem publicada na edição que chegou às bancas neste sábado, que o lobista Júlio Fróes montou sua base de operações no Ministério da Agricultura. Ali, manipulava licitações para beneficiar empresas e subornava funcionários públicos com “pacotes de dinheiro”. Tudo com aval e o conhecimento de graúdos que cercam o ministro Wagner Rossi.

Em entrevista coletiva em seu gabinete, Wagner Rossi negou mais uma vez que haja irregularidades em seu ministério. Ele demonstrou não ter respaldo algum para garantir a lisura do órgão, já que não tem controle total sobre ele. “Eu não consigo cuidar de tudo”, entregou-se. “Há uma natural concorrência por espaço em todas as instituições. Às vezes, quando se muda uma equipe, a anterior e a nova se hostilizam por baixo dos panos, isso acontece mesmo.”

Livre acesso – Apesar de anunciar que não se esquivaria de nenhum tema, Rossi respondeu somente o que quis durante a entrevista. Não soube dizer, por exemplo, por que o lobista Júlio Fróes tinha acesso livre e irrestrito à entrada privativa do Ministério da Agricultura. “Isso vai ser investigado”, comentou. “Não posso me basear no que alguém disse, não tenho nenhuma informação que condene ninguém.”

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Segundo reportagem de VEJA, Fróes declara-se amigo de Wagner Rossi e Milton Ortolan, secretário-executivo da pasta que pediu demissão no sábado, quando a edição chegou às bancas. O ministro, porém, assegura nem conhecê-lo. “Eu o cumprimentei uma vez quando ele apareceu aqui com mais umas dez pessoas da Universidade de São Paulo, mas se aparecesse aqui eu não o reconheceria”, declarou. Quando outras perguntas foram feitas sobre o assunto, o ministro não respondeu.

O ministro disse ter pedido à Advocacia-Geral da União (AGU) a abertura de uma comissão de sindicância para investigar tudo o que foi revelado sobre a pasta nos últimos dias. “Se for necessário, enviaremos um pedido de apuração também para o Ministério Público Federal e à Controladoria Geral da União (CGU)”, ressaltou.

Logo em seguida a CGU anunciou a abertura de uma comissão de sindicância. “O ministro Rossi colocou o ministério e todos órgãos abertos para fornecer todas as facilidades. Me comuniquei com ele hoje e falei que agora à tarde nossa equipe irá ao ministério recolher os computadores nas áreas que foram objeto de denúncia para comerçarmos nosso trabalho”, disse o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, acrescentando que os computadores de Rossi não serão recolhidos.”Não há nenhuma acusação que pese contra o ministro”.

Defensiva – Desde o início do mandato da presidente Dilma Rousseff, três ministros já caíram por envolvimento em escândalos. Rossi, aparentando nervosismo, disse não ter conversado ainda com Dilma, mas, segundo ele, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sinalizou que está indo bem. “Sou ocupante de um cargo de livre escolha da presidente e ela tem me dado todos os motivos para que eu me sinta firme e confortável para fazer meu trabalho”, afirmou. Na tentativa de isentar-se de qualquer acusação, Rossi tratou de desfazer-se da batata quente. “As pessoas que fazem a denúncia querem levar dinheiro, quem fala tem que provar”, disparou. Perguntado se poderia tratar-se de um fogo amigo ou uma ação orquestrada contra o ministério, citou a corrida à prefeitura de São Paulo, sem mais detalhes: “A futura eleição para a prefeitura de São Paulo tem gerado polêmicas, há um embate natural, mas não quero atribuir a isso uma motivação”.

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