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Em Altamira, a revolução na economia já começou

Com 105.000 moradores, cidade que ficará mais perto de Belo Monte vive disparada no preço do aluguel; empresários apostam na construção de hotéis

Por Mirella D'Elia
8 abr 2011, 23h37

Mal saiu a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que permite a instalação dos canteiros de obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, que será erguida no Rio Xingu, no Pará, e a rotina de Altamira – a maior das onze cidades que serão afetadas pelo empreendimento – já mudou. Nas ruas, a circulação de veículos é maior, tumultuando o já bagunçado trânsito. É gente de todos os cantos em busca de novas oportunidades no rastro da construção da usina.

Tanta movimentação tem sentido. Para ser erguida, Belo Monte necessitará dos braços de 18.000 trabalhadores, mas a estimativa é que o empreendimento gere, também, 80.000 empregos indiretos. A expectativa é que a população de Altamira salte dos atuais 105.000 para 150.000 pessoas ainda em 2011. Para se ter uma ideia, 4.000 pessoas fixaram residência na cidade no último semestre. Há quem diga que a população do município vai dobrar. Ou até triplicar.

A cidade sente os reflexos. Na região central, o assunto é o mesmo em cada esquina: o preço do aluguel disparou. Em busca de clientes endinheirados, proprietários estão reajustando preços. Quem não pode pagar não vê opção a não ser sair. A estimativa é que os preços já tenham subido 70%. A desculpa: Belo Monte está chegando.

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Nos hotéis, é difícil arranjar vaga durante a semana. Empresas envolvidas com os preparativos da obra fecham pacotes anuais para seus executivos – mesmo que eles não fiquem lá o tempo todo e deixem seus quartos trancados. O empresário Daniel Nogueira, de 51 anos, desistiu de construir um edifício residencial e decidiu erguer um dos mais novos hotéis da cidade. A aposta deu certo: está com lotação esgotada até o fim do ano. O hotel tem 40 apartamentos e até suíte presidencial. “Muitos vieram montar empresas, construir condomínios fechados. Estão atrás do boom que é Belo Monte. Aqui está uma efervescência”, diz.

Faturamento – Apesar do otimismo de alguns, há outros empresários locais, porém, que não têm certeza se vão conseguir lucrar com Belo Monte. Eles querem ter preferência na cadeia de fornecedores de insumos para a obra. “Belo Monte não é a salvação de Altamira”, afirma Vilmar Soares, presidente do Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu).

Saiba o que muda no Xingu com a chegada de Belo Monte

A entidade acompanha as discussões sobre a construção de Belo Monte. E reivindica investimentos em qualificação profissional para que, concluídas as obras, os moradores possam ter oportunidades de emprego.

Dono de uma farmácia em uma das mais movimentadas ruas do centro, Elizeu Lacerda, de 30 anos, já se prepara para o aumento da demanda, estocando mais analgésicos e cosméticos. Conta que uma empresa, de uma só vez, comprou 40 vidros de repelente. “Tenho expectativa de aumentar o faturamento, mas por enquanto é só boato de mais empregos, mais dinheiro, mais gente”, diz. “Há 30 anos ouço falar dessa barragem, vamos ver se dessa vez sai ou se vai ser só fofoca. Meu pai, que tem 78 anos, diz que vai morrer sem ver Belo Monte”.

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