Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Duque admite pagamentos da UTC, mas nega propina

Afilhado de Dirceu, ex-diretor de Serviços da Petrobras afirmou em depoimento ainda que não tem contas no exterior, ao contrário do que informaram delatores

Por Daniel Haidar, de Curitiba
20 nov 2014, 06h45

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque disse que não possui contas no exterior e negou que tenha recebido propina pela assinatura de contratos da estatal com empreiteiras. Indicado ao cargo pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, Duque admitiu à polícia que recebeu pagamentos do grupo UTC, comandado pelo empresário Ricardo Pessoa, mas disse que os desembolsos foram feitos como remuneração por serviços de consultoria.

Leia também:

Comissão de Ética da Presidência abre processo contra afilhado de Dirceu

Por um dos contratos com a UTC, Duque disse ter recebido 1,6 milhão de reais. Ele não revelou o valor do outro. Pessoa, contudo, disse em depoimento à polícia que pagou cerca de 600.000 reais por esse segundo serviço – tendo pago 2,2 milhões de reais a Duque. Advogados do empresário dizem ter documentação para comprovar que existiu efetivamente a prestação dos serviços de consultoria. Mas a polícia suspeita que os contratos tenham sido fechados como tentativas de disfarçar o pagamento de propinas.

Leia também:

‘Não se faz obra pública sem acerto’, diz advogado de lobista

Embora o ex-diretor da Petrobras tenha negado aos policiais possuir conta bancária no exterior, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal possuem indícios de que Duque tenha escondido dinheiro fora do país. O juiz Sérgio Moro já mencionou que o ex-diretor possui “fortuna” no exterior, o que seria um risco à aplicação da lei. O comentário foi feito na decisão que converteu a prisão temporária de Duque em preventiva, na terça-feira. Em depoimento, os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça chegaram a afirmar que Duque recebia dinheiro de propinas em uma conta no banco Cramer, na Suíça, registrada em nome de uma offshore. Se os investigadores encontrarem dinheiro no exterior e Duque for desmentido, a situação dele perante a Justiça deve se complicar ainda mais.

Considerado o principal operador do PT na estatal, Duque disse à PF que desconhecia a prática “de desviar 3%” do valor líquido dos contratos da Petrobras para políticos e partidos, como disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimento à Justiça. Duque reagiu às acusações de Costa e disse ter protocolado uma ação penal privada pelo crime de calúnia.

Leia também:

Vice-presidente da Camargo Corrêa se cala em depoimento

Justiça autoriza quebra de sigilos de empresários

Ao falar dos delatores da operação Lava Jato, Duque disse que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco era uma “pessoa de confiança” na estatal e que participou de jantares com o lobista Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal. Assim como Júlio Camargo e o executivo Augusto Mendonça Neto, Barusco também tenta um acordo de delação premiada, pelo qual promete revelar crimes cometidos pela quadrilha de funcionários da estatal e políticos.

Os policiais questionaram Duque ainda sobre alegação do delator Augusto Mendonça Neto de que o ex-diretor exigiu o pagamento de propinas em contratos da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR). Ele negou ter sido o beneficiário de 60 milhões de reais, como os delatores apontaram em depoimentos.

Continua após a publicidade

Em mais um sinal de que a polícia investiga a ligação do esquema com a construtora Delta, de Fernando Cavendish, Duque foi questionado sobre suas conexões com o empresário Adir Assad. Como VEJA revelou, Assad foi o responsável pela operação de empresas de fachada que permitiam desvios de verbas, recebidas pela construtora Delta, para o bolso de políticos. Duque também confirmou que conhecia o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.