Deputado ameaçado por milicianos vai deixar o país
Em um mês, Marcelo Freixo, do PSOL, teve acesso a sete denúncias de planos para matá-lo. Anistia Internacional levará família do parlamentar para a Europa
Ameaçado por milicianos no Rio de Janeiro, o deputado estadual Marcelo Freixo, pré-candidato do PSOL à prefeitura da capital, vai deixar o país na terça-feira. O destino e o período de exílio forçado são mantidos em sigilo, mas Freixo avisa que voltará em breve. “Eu não admitiria me afastar, e volto mesmo que nenhuma providência seja tomada”, afirmou, em entrevista à Rádio BandNews FM na manhã desta segunda-feira.
Em um mês, afirma o deputado, ele recebeu sete denúncias de que milicianos estariam planejando assassiná-lo. O convite e o plano para retirá-lo temporariamente do país partiu da Anistia Internacional, grupo com quem o deputado mantém estreito contato. “Se eles (milicianos) foram capazes de torturar jornalistas, assassinar uma juíza e ameaçar um deputado, o que não fazem com a população que se recusa a pagar 5 reais de taxa?”, advertiu Freixo.
O deputado presidiu, em 2008, a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A comissão foi instaurada após a captura e tortura de um fotógrafo, uma repórter e um motorista do jornal carioca ‘O Dia’, que faziam uma reportagem na favela do Batan, na zona oeste. A CPI resultou no indiciamento de 225 milicianos. Desde então, foram feitas no estado cerca de 500 prisões de acusados de ligação com a milícia. Entre os presos estão vereadores e um deputado estadual.
Apesar do avanço sobre o braço político da milícia, na avaliação de Freixo, as quadrilhas, desde então, ampliaram seu poder econômico. “Conseguimos enfraquecer o braço político, mas elas mantiveram e expandiram seu poder econômico. Eram 178 áreas dominadas por milícias em 2008. Hoje, são mais de 300”, disse, na entrevista à rádio nesta manhã.