CPI do Cachoeira: ‘fortes indícios’ de que matriz da Delta enviou dinheiro a laranjas do contraventor
Segundo relator, evidências de cumplicidade da Delta com esquema de bicheiro reforçam probabilidade de quebrar sigilo de toda a empresa
A partir das informações colhidas com a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor da empresa Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e das filiais da empreiteira no Centro-Oeste, a CPI do Cachoeira já vê indícios de que a matriz da construtora, que foi presidida pelo empresário Fernando Cavendish, enviou dinheiro a “laranjas” do contraventor Carlinhos Cachoeira e a empresas ligadas à organização criminosa do bicheiro.
“As contas da Delta nacional movimentadas por Claudio Abreu foram instrumentos de transferência de dinheiro para empresas laranjas ou ligadas à organização criminosa. Esse é um indício forte”, disse o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Para o parlamentar, como Abreu tinha uma procuração da matriz da Delta para movimentar contas da empresa, as evidências apontam que os diretores da matriz da empreiteira eram coniventes com a ligação entre Claudio Abreu e Carlinhos Cachoeira.
“Há um indício contundente e forte de que, de alguma forma, diretores nacionais da Delta tinham conhecimento do envolvimento de Claudio Abreu com o contraventor”, comentou Cunha. “Como se identificou que a Delta nacional autorizou que Claudio Abreu movimentasse contas através de procuração, há um indício forte de que toda a diretoria e a presidência da Delta tinha ciência e consentiu com esse movimento de Claudio Abreu”, disse Cunha.
Quebra de sigilo – Por conta das evidências de cumplicidade da Delta nacional com o esquema do contraventor goiano, o relator da CPI acredita haver uma “forte probabilidade” de o sigilo de toda a empreiteira ser quebrado na próxima reunião administrativa do colegiado, no dia 5 de junho. “Aumentam os indícios e a probabilidade de nós quebrarmos o sigilo da Delta nacional”.
Diante do risco de ser considerada inidônea pela Controladoria-geral da União (CGU) e consequentemente banida de futuros contratos com a União, a Delta amargou derrota hoje na CGU após ter tido negado pedido de prorrogação de prazo para que ela apresente sua defesa no processo administrativo a que responde por irregularidades na execução de obras.
No processo específico de que é alvo na CGU, a Delta é suspeita de distribuir propina a servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Ceará. Conforme levantamento do ministro do Controle e Transparência, Jorge Hage, a Delta tem 71 contratos vigentes envolvendo obras públicas no valor total de 2,47 bilhões de reais. Existem ainda 61 contratos com prazo de vigência já expirado, mas ainda não concluídos, no valor de 1,5 bilhão de reais.
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