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Contadora diz que ex-ministro indicou empresa para doleiro

Em depoimento à CPI da Petrobras, Meire Poza voltou a proximidade e os negócios do doleiro Alberto Youssef com o ex-ministro Mário Negromonte

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 out 2014, 14h27

Meire Poza, ex-contadora de Alberto Youssef, voltou a levar o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte para o centro das denúncias da Operação Lava Jato da Polícia Federal. De acordo com Meire, o ex-ministro e ex-deputado pelo PP indicou para o doleiro Alberto Youssef a compra de uma empresa de rastreamento de veículos de Goiânia (GO). Youssef está preso desde março deste ano acusado de ser um dos pivôs de megaesquema de lavagem de dinheiro.

Em depoimento à CPI Mista da Petrobras nesta quarta-feira, a ex-contadora disse que Youssef comprou a empresa Controle Monitoramento de Veículos após indicação do ex-ministro. “Haveria uma aprovação do Denatran para que os carros saíssem já com dispositivo para monitoramento. Só existiam cinco empresas homologadas para prestar esses serviços junto ao Denatran. E essa empresa que foi indicada em Goiânia era uma das empresas homologadas”, disse. O Departamento Nacional do Trânsito (Denatran) é um órgão vinculado ao Ministério das Cidades.

Leia também: Contadora desnuda esquema de pagamento de propina

Negromonte já havia sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos integrantes do esquema, mas negou relação com o doleiro. Em 2012, ele foi demitido após ser acusado de pagar mesada de 30.000 reais a deputados do PP. Ainda assim, foi escolhido neste ano como conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) da Bahia. O filho do ex-ministro Mário Negromonte Júnior foi eleito como o segundo deputado federal mais votado na Bahia nas eleições deste ano.

À CPI, Meire relatou a proximidade entre Youssef e o ex-ministro. Segundo a ex-contadora, Negromonte frequentava um restaurante em São Paulo que Youssef teria dado para uma mulher chamada Taiane, suposta amante do doleiro e assessora da deputada Aline Corrêa (PP-SP). “Estive várias vezes lá com ele”, ressaltou. O irmão do ex-ministro também foi citado pela contadora. Meire reafirmou que Adarico Negromonte Filho era responsável por carregar as malas de dinheiro oriundo de propina.

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A contadora reafirmou que a empresa de GFD, de Youssef, não exercia nenhuma atividade real além da emissão de notas frias – somente ela emitiu 7 milhões de reais em notas falsas -, e que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa se reuniu na companhia com o doleiro. Quatro empresas foram apontadas como clientes da GFD: Mendes Júnior, Sanko Sider, Engevix e Paranasa.

Meire Poza é considerada testemunha-chave da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que levou Youssef à prisão. Ela prestou serviços ao doleiro por mais de três anos e afirma que recebia 15.000 reais mensais. A contadora era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que jamais foram feitos e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro. Nesse período, ela viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras e chegando às mãos de notórios políticos.

PMDB – Embora tenha sido convocada a prestar depoimento como testemunha, parlamentares aliados ao governo tentaram enquadrar Meire como acusada. O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), anunciou que vai apresentar requerimentos para que o colegiado aprove a quebra de sigilo fiscal e bancário da contadora e a chame para novo depoimento no papel de investigada. “Nós estamos aqui com uma fornecedora de nota fria para um esquema de lavagem de dinheiro. É o que está aparentando. Pode até ser equivocada a minha informação, mas, se ela admitiu a emissão de 7 milhões de reais em nota fria, é ré confessa. Então, tem de ser tratada como investigada”, disse o parlamentar.

No início da sessão, outro deputado do partido, Lúcio Vieira Lima (BA), tentou blindar as denúncias de Meire pedindo para que a sessão se realizasse a portas fechadas. O PMDB tem especial interesse em abafar o caso: seus grandes caciques, como os presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), foram citados por Costa como beneficiários do esquema de lavagem, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

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