Contadora de doleiro confirma emissão de notas frias para empreiteiras
Contratos fictícios eram fechados com construtoras para justificar recebimento de dinheiro ilícito, diz Meire Poza em audiência
A contadora Meire Poza, responsável pela emissão de notas fiscais de uma das empresas do doleiro Alberto Youssef, confirmou em depoimento à Justiça nesta terça-feira que o pivô da Operação Lava Jato utilizava empresas fantasmas para receber dinheiro de empreiteiras. Ela foi a primeira interrogada das cinco testemunhas de acusação.
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Na saída do tribunal, Meire contou que o doleiro fazia a emissão de notas frias, sem, portanto, a prestação de qualquer serviço, como disfarce para o recebimento de valores das empreiteiras. As notas eram emitidas pela contadora no site da prefeitura de São Paulo. O doleiro e seus subordinados já admitiram que as empresas de Youssef eram apenas um canal para o recebimento e distribuição de propina.
As justificativas das empreiteiras para os pagamentos a Youssef variam. Engevix, cujos executivos são réus na audiência desta terça-feira, Mendes Júnior e Galvão Engenharia dizem ter sido vítimas de achaques de Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Mas a OAS, por exemplo, defendeu recentemente a versão de que realmente contratou o doleiro, e suas empresas sem funcionários especializados, para prestar serviços. O depoimento de Meire desmente qualquer tentativa de atestar serviços legítimos nas empresas do doleiro.
Ela também negou que o doleiro tenha achacado os executivos das empreiteiras. “De forma alguma ele dava a entender que estava achacando. Isso era sempre na conversa. No caso da Engevix, a empresa concordou com o desconto dos valores do contrato no banco”, afirmou.