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Conselho de Ética abre processo contra Vargas

Colegiado terá 90 dias para avaliar a conduta do deputado petista, flagrado pela Polícia Federal em negociatas com o doleiro preso Alberto Youssef

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 abr 2014, 15h58

(Atualizada às 16h40)

O Conselho de Ética da Câmara instaurou nesta quarta-feira processo disciplinar para avaliar a conduta do deputado André Vargas (PT-PR). O colegiado terá prazo de noventa dias para decidir se a estreita relação do petista com o doleiro Alberto Youssef, preso por comandar um esquema de lavagem de dinheiro, configura quebra do decoro parlamentar.

Com abertura do processo, mesmo que ele renuncie ao mandato agora, já pode ser considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa – só poderá concorrer nas próximas eleições se for absolvido. Nesta segunda-feira, ele pediu licença do mandato por sessenta dias, mas mantém o cargo de vice-presidente da Casa.

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Apesar da forte pressão de setores do PT para que renunciasse ao mandato, Vargas afirmou a aliados que pretende usar os holofotes do Conselho de Ética para se defender. Nos bastidores, a avaliação na bancada é que sua resistência em abrir mão do mandato foi um recado ao próprio partido após ser rifado, inclusive pelo ex-presidente Lula. Além disso, enquanto for deputado, mantém o foro privilegiado – os documentos da investigação da Polícia Federal que citam seu nome foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O relator do processo no Conselho foi apontado pelo presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP), na tarde desta quarta. O escolhido foi o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Delgado foi relator do processo que culminou com a cassação do mandato do ex-ministro José Dirceu. À época, Delgado apresentou voto recomendando a cassação do mensaleiro.

No início da sessão, o PT tentou atrasar a instauração do processo. Aliados de Vargas alegaram que o caso deveria passar pela Corregedoria da Câmara antes de chegar ao Conselho de Ética. “Poderemos, de forma precipitada e açodada, condenar um inocente. O representado admitiu apenas ter pego uma carona no avião do empresário e, perante toda a Casa, reconheceu que foi imprudente. As notícias jornalísticas não podem ser constituídas como provas”, disse Zé Geraldo (PT-PA). Não deu certo: Vargas terá dez dias úteis para apresentar sua defesa por escrito após o parecer preliminar do relator.

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Laços – A ruína de Vargas começou na semana passada quando o jornal Folha de S. Paulo revelou que ele havia viajado para o Nordeste em um jatinho bancado pelo doleiro. O presente custou 100.000 reais. Desde então, o petista iniciou uma sequência de versões: tentou atribuir a notícia à intriga de adversários políticos no Estado, depois afirmou que recorreu à ajuda do doleiro porque as passagens estavam muito caras e até subiu à tribuna para dizer que cometera um “equívoco” e fora “imprudente”. As investigações da PF, entretanto, mostraram que ele foi muito mais do que isso.

Reportagem de VEJA mostrou que as ligações de Vargas e Youssef vão além da amizade: a dupla trabalhava em parceria para enriquecer, fraudando contratos com o governo federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal apontam que o petista exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef. Em uma das conversas flagradas pela PF, o deputado e o doleiro conversam sobre contratos do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde – a empresa receberia 150 milhões de reais em vendas de medicamentos. O Labogen é uma das empresas do esquema do doleiro e está registrada no nome de um laranja.

O aparecimento do Ministério da Saúde nas investigações é uma das principais preocupações do PT e do ex-presidente Lula. Motivo: o ex-titular da pasta, Alexandre Padilha, é candidato ao governo de São Paulo, a maior obsessão do ex-presidente nas eleições deste ano. Além disso, Lula e o PT temem que o agravamento do caso atrapalhe os planos da senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) na disputa pelo governo do Paraná – Vargas, inclusive, era cotado para chefiar a campanha.

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