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Comandante militar do Leste admite que houve excessos do Exército no Alemão

General muda versão oficial sobre tumulto e afirma que tropa perseguia dois traficantes na noite de domingo. Quatro homens foram afastados e responderão a inquérito

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 set 2011, 14h34

“Alemão e Penha são pontos de honra para o Exército Brasileiro. Não deixaremos que as conquistas obtidas voltem atrás”, afirmou o general

O comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, admitiu no início da tarde desta quarta-feira que houve excessos na ação do Exército na noite do último domingo no Complexo do Alemão. O episódio, registrado em vídeo feito por moradores, foi, segundo o militar e integrantes da cúpula da segurança do governo do estado do Rio, o “estopim” para os desdobramentos mais violentos naquela região – o mais grave deles o ataque feito por traficantes na noite de terça-feira.

O general foi o encarregado de apresentar, finalmente, a versão oficial do que aconteceu na noite de domingo e que revoltou um grupo de moradores. Segundo ele, dois jovens estavam vendendo drogas em um beco conhecido por ser ponto de tráfico. Uma patrulha do Exército foi atrás da dupla e, para se esconder, ambos entraram em um bar. Quando a patrulha foi abordar os supostos criminosos, começou o tumulto. “Faltou a percepção de que aquilo era uma armadilha. A ação devia ter sido conduzida de forma diferente. Estão afastados quatro homens, porque perderam controle”, admitiu o comandante do CML. Foi aberto inquérito para apurar as circunstâncias da ação no bar.

Para o general Adriano, o caso foi um episódio isolado. “Aquela foi apenas uma, entre as 4.000 a 5.000 abordagens ao longo desses 10 meses. Nenhuma teve aquela reação”, assegurou, para, em seguida, admitir seu próprio espanto: “Não esperávamos que isso (o tiroteio de terça-feira) fosse acontecer. Sabíamos que era possível, mas não esperávamos”.

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Depois de um mea culpa em nome do Exército, o comandante militar do Leste deixou escapar o que pode ter sido uma das falhas da ocupação do Alemão. “Não sei explicar por que essas duas comunidades (morros da Baiana e do Adeus) ficaram de fora da ocupação”, afirmou. São exatamente as duas favelas de onde partiram a maioria dos tiros na noite de terça-feira, e, como foi explicado na coletiva realizada no CML, pontos estratégicos, em elevação, de onde se tem visão das principais vias de acesso aos complexos do Alemão e da Penha.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou que as duas favelas vinham recebendo ações de patrulhamento diariamente. E que, no momento, estão ocupadas.

Volta das revistas – Se havia uma intenção de fragilizar a ocupação militar, o efeito foi o inverso. Segundo o general Adriano, as revistas de moradores, que no início da ocupação eram intensas e que progressivamente foram reduzidas, serão retomadas. A operação do Exército no Alemão, que atualmente inclui pouco mais de 1.600 homens, ganhará reforço de algo entre 100 e 200 militares. Esse grupo deve se dedicar diretamente às revistas, o que visa principalmente a dificultar o movimento de armas e drogas.

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“Alemão e Penha são pontos de honra para o Exército Brasileiro. Não deixaremos que as conquistas obtidas voltem atrás”, afirmou o general.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu, como havia feito o governador Sérgio Cabral, que há muitas imperfeições no processo. Mas descartou a hipótese de recuo. “Incidentes assim vão acontecer. Mas não vamos em absoluto deixar de avançar”, disse.

Entre as autoridades de segurança, a tese para explicar a reação dos bandidos – e de gente comandada pelos traficantes – é de que havia uma expectativa com o fim da ocupação pelo Exército, prevista inicialmente para outubro deste ano. No último dia 30, foi anunciada a prorrogação da operação, que deve se estender até junho de 2012.

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O general nega que haja armas pesadas circulando dentro do Complexo do Alemão. Mas os bandidos, segundo ele, na figura de ‘soldados do tráfico’ – ou seja, criminosos que operam a mando dos chefes – circulam e estão orientados para causar tumulto. “Houve ordem para que elementos do tráfico se comportem de forma a causar tumulto para tropa. São criminosos sem mandado de prisão contra eles, portanto, não podemos simplesmente prendê-los”, explicou.

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