Barbiere sobre deputados: “Cada um tem um preço”

Autor das denúncias de venda de emendas na Alesp, parlamentar diz que já tinha alertado governo em reunião. Mas garante que não vai dar nomes

Por Marina Pinhoni
4 out 2011, 21h14

Roque Barbiere: “Não sou dedo-duro" — Roque Barbiere: “Não sou dedo-duro (Divulgação/VEJA)

O deputado estadual Roque Barbiere (PTB) comparou a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a um camelódromo nesta terça-feira. Autor das denúncias de venda de emendas por parlamentares na Casa, não poupou os colegas: “Tem várias maneiras (de vender emendas). Isso é igual camelô, cada um vende de um jeito, cada um tem um preço”. Ele também comparou a prática ao sexo: “Tem mil maneiras de fazer a coisa errada, é igual a sexo, tem mil maneiras de fazer”.

Desde que o caso veio à tona, em setembro, esta foi a primeira vez que o deputado falou a jornalistas em seu gabinete. Antes, segundo ele, estava afastado em seu sítio no interior do estado devido ao nascimento prematuro de sua filha. “Isso não deveria ser nenhuma surpresa para os parlamentares mais antigos. Se eles fingem surpresa é hipocrisia”, declarou.

Nesta quinta-feira, Barbiere deve atender ao convite do Conselho de Ética da casa e comparecer à reunião que discute o caso, porém, afirmou que entregará seu depoimento por escrito e não revelará o nome de nenhum envolvido. “Não sou dedo-duro, eu vou apontar formas e sistemas, que é o que importa”. Ele disse que vai citar alguns nomes de “colegas e ex-colegas” apenas para o Ministério Público Estadual, que abriu inquérito para investigar as denúncias.

O parlamentar afirmou que já havia alertado tanto a Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do estado quanto a Casa Civil, em audiências separadas, há cerca de quatro meses, com o secretário do planejamento, Emanuel Fernandes, e com a secretária adjunta da Casa Civil, Rosmary Corrêa, conhecida como Delegada Rose. “Tive essa mesma conversa os dois (em dias diferentes). Falei que tem algo de errado e estranho com as emendas. Eles disseram que iam tomar providências, que iriam ficar atentos porque isso não pode acontecer”, afirmou.

Em nota, o governo negou que as reuniões tenham ocorrido ou que as autoridades citadas tenham tomado conhecimento do caso. “O deputado Roque Barbieri tem o dever, como homem público, de apontar casos concretos que sustentem suas graves denúncias. Até agora não o fez”, diz o texto.

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Bruno Covas– O presidente da Comissão Meio Ambiente, Beto Trícoli (PV), cancelou nesta terça-feira a reunião que contaria com a presença do secretário do Meio Ambiente Bruno Covas. Segundo Trícoli, o motivo do cancelamento foi o possível desvio de foco na discussão das questões da comissão, uma vez que o secretário se dispôs a prestar esclarecimentos sobre o caso das emendas.

Bruno Covas disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo ter sido assediado com oferta de propina de 5.000 reais por um prefeito pela liberação de emenda quando ainda era deputado estadual.

Também na reunião desta quinta-feira do Conselho de Ética, haverá votação para decidir se Bruno Covas será convidado a depor.