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Assassino de 24 anos provoca tragédia sem precedentes em escola do Rio de Janeiro. Onze crianças estão mortas

Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno do colégio municipal, em Realengo, disse que daria uma palestra aos alunos. Abriu fogo e protagonizou massacre

Por Da Redação
7 abr 2011, 14h05

“O que vi aqui foi o terror. Várias amiguinhas da minha filha baleadas. Algumas mortas”, contou a mãe de uma das alunas, Vera Gomes

O bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, transformou-se nesta quinta-feira no cenário do crime mais brutal já ocorrido numa escola do país. Um homem de 24 anos, ex-aluno do colégio municipal Tasso da Silveira, entrou numa sala de aula, disse que daria uma palestra aos alunos e abriu fogo contra as crianças. Com dois revólveres – segundo os próprios alunos, ambos de calibre 38 -, Wellington Menezes de Oliveira matou dez meninas e um menino. O atirador foi contido por um sargento da Polícia Militar e também morreu. O policial foi chamado ao local por um aluno ferido, que conseguiu escapar da escola para pedir ajuda. Outros estudantes se trancaram no auditório para fugir do assassino.

Oliveira aproveitou a semana de comemorações pelos 40 anos da escola para conseguir entrar no local. Ao chegar ao colégio, na manhã desta quinta-feira, Wellington procurou pela professora Dorotéia. A antiga mestre reconheceu Wellington e pediu a ele alguns instantes antes de atendê-lo. Foi nesse momento que o criminoso entrou na sala 5, no segundo andar da escola, onde estavam alunos da 8ª série. Wellington, então, começou a abrir a bolsa e avisou: “Vim dar uma palestra para vocês”. Em seguida, começou a atirar. O assassino poderia alvejar uma professora que estava na sala, mas preferiu apontar só para as crianças. Instalou-se o pânico na escola, com professores tentando proteger seus alunos em fuga.

Depois de fazer as primeira vítimas na sala 5, Wellington se dirigiu à sala em frente, novamente abrindo fogo. A polícia acredita que, pela quantidade de tiros efetuados, ele teve tempo de recarregar as armas. Quanto tentava chegar ao terceiro andar, onde ficam as crianças do Ensino Fundamental – mais jovens – ele foi atingido pelos disparos de um policial militar – o terceiro sargento Márcio Alves, de 38 anos. Ele trocou tiros com o assassino. Segundo a PM, depois de atingido, Wellington se matou com um tiro na cabeça. De acordo com o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, o sargento foi um herói – caso não tivesse entrado na escola e atingido o assassino, mais crianças teriam morrido.

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O governador, que chamou o atirador de “psicopata” e “animal”, afirmou que o acesso ao armamento utilizado será investigado. “Ele estava muito armado e com um tipo de munição profissional”, afirmou Cabral. Logo após o massacre, a presidente Dilma Rousseff interrompeu uma solenidade no Palácio do Planalto, disse estar chocada e, chorando, pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. Os feridos foram levados ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, que pediu doações de sangue para dar conta do socorro prestado às crianças baleadas. “O que vi aqui foi o terror. Várias amiguinhas da minha filha baleadas. Algumas mortas. Um terror”, contou a mãe de uma das alunas, Vera Gomes.

O massacre em Realengo provocou consternação e revolta no país. Virou comentário constante nas redes sociais e foi lamentada por autoridades de várias esferas do poder público. Também recebeu atenção da imprensa internacional, que noticiou a tragédia com grande destaque. Em função do massacre, parlamentares partidários de leis mais rigorosas para controlar o acesso às armas de fogo disseram que o tema precisa voltar a ser discutido. Um deles foi o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Mas o petista admitiu que o ataque desta quinta é o tipo de crime difícil de ser evitado. “Vamos trabalhar melhor sobre as matérias sobre esse assunto, embora a lei já seja muito dura”, disse ele no Congresso.

É a primeira vez que uma escola brasileira é o cenário de uma tragédia do tipo. Outros episódios de violência em escolas já foram registrados no país, mas nada que chegue perto da brutalidade do massacre cometido por Wellington Menezes de Oliveira. É preciso ir a outros países para encontrar tragédias semelhantes, como a da escola Columbine, nos Estados Unidos, talvez a mais conhecida delas. Há dois anos, na Alemanha, um adolescente abriu fogo contra alunos e funcionários de um escola. Entre os brasileiros, o assassino desta quinta despertou comparações com o atirador do MorumbiShopping, em São Paulo – Mateus Meira (24 anos, assim como Wellington) matou três num cinema.

(Com reportagem de Rafael Lemos e Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro, e Gabriel Castro e Luciana Marques, de Brasília)

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