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Após desmantelar cartel, chefe do Cade se reuniu com Temer

Antes do dia 16 de julho, superintendente do órgão antitruste nunca havia participado de qualquer compromisso no gabinete da vice-presidência

Por Ana Clara Costa e Gabriel Castro
17 ago 2013, 09h38

O superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Carlos Ragazzo, reuniu-se com o vice-presidente da República, Michel Temer, dias depois da execução dos mandados de busca e apreensão nas empresas investigadas por formação de cartel no fornecimento de equipamentos para metrôs e trens de São Paulo e do Distrito Federal. A reunião ocorreu no dia 16 de julho, doze dias após as buscas e dois dias após a publicação de reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelando o pedido de leniência da Siemens, empresa delatora do cartel.

Ragazzo está no Cade desde 2008 – primeiro como conselheiro e, desde 2012, como superintendente-geral. Antes, foi coordenador-geral de Defesa da Concorrência na Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), do Ministério da Fazenda.

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Carlos Ragazzo, superintendente-geral do Cade
Carlos Ragazzo, superintendente-geral do Cade (VEJA)

Antes do dia 16, Ragazzo nunca havia se encontrado com Temer em agenda oficial. Fontes próximas da autarquia ouvidas pelo site de VEJA relataram que reuniões entre membros do órgão e do alto escalão do Executivo são incomuns. Presidentes anteriores passaram gestões inteiras sem ter qualquer tipo de interação com a vice-presidência da República.

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Outras fontes ouvidas que tiveram acesso ao teor da conversa afirmaram que o vice-presidente foi brevemente alertado por Ragazzo de que surgiriam nomes de políticos nas investigações sigilosas, porém, recém-divulgadas em reportagens na imprensa.

OS ALVOS DO CARTEL

2000

SP: Fornecimento de equipamentos para a Linha-5 Lilás do Metrô

Valor: 404 milhões de reais (735 milhões de reais em valores atualizados)

2001-2002

SP: Manutenção de trens da CPTM

Valor: 275,6 milhões de reais (483,9 milhões de reais em valores atualizados)

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2004

SP: Modernização da Linha-12 Safira da CPTM

Valor: 276 milhões de reais (400,2 milhões de reais em valores atualizados)

2005

SP: Fornecimento de trens e equipamentos para Linha-2 Verde do Metrô

Valor: 143,6 milhões de reais (202,7 milhões de reais em valores atualizados)

2007

DF: Manutenção do Metrô

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Valor: 77 milhões de reais (103 milhões de reais em valores atualizados)

O Cade negou que o assunto do cartel tenha surgido. O órgão informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os temas discutidos na reunião eram estritamente técnicos e ligados ao setor de transporte, sobre o qual Ragazzo produziu alguns estudos acadêmicos. Segundo o órgão, a reunião foi marcada com duas semanas de antecedência, nos primeiros dias de julho. Precisamente em 4 de julho, a Justiça determinou os mandados de busca e apreensão nas empresas envolvidas nas denúncias da Siemens.

Procurado pela reportagem, Temer também afirmou, por meio de suas assessoria, que o encontro não teve como assunto a investigação a respeito do cartel no metrô paulistano. Segundo a equipe do vice-presidente, Ragazzo possui um amigo em comum com Temer e a reunião vinha sendo orquestrada há muito tempo. A conversa acabou não resultando em decisões concretas e durou cerca de dez minutos, de acordo com a assessoria.

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Investigações – A gigante alemã Siemens procurou o Cade em meados de 2012 para delatar a existência de um cartel, do qual fazia parte, que participava de licitações de equipamentos das linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.

Ao entregar o esquema ilegal, a empresa firmou um acordo de leniência, que lhe garante imunidade caso as denúncias sejam comprovadas e os itens do acordo sejam cumpridos, entre eles, o sigilo sobre as investigações. A suspeita é que o esquema tenha supervalorizado cinco contratos em até 30%, acarretando prejuízo de 577 milhões de reais aos cofres públicos.

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