Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A nova política (nos looks) de Marina Silva

Refratária a consultores de imagem, a candidata do PSB escolhe suas roupas e faz colares com sementes da Amazônia. Mas tem adaptado estilo à campanha

Por Mariana Zylberkan
5 set 2014, 08h09

No último dia 26 de agosto, no primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, Marina Silva (PSB), então principal novidade na corrida eleitoral, usava um vistoso óculos de aros vermelhos e um xale bege – ou nude, como a cor é tratada no mundo da moda. Da plateia, a amiga e uma das principais articuladoras da sua campanha Neca Setúbal torceu o nariz: a combinação deixou Marina com cara de “vovozinha” e escondeu seus traços firmes. Uma semana depois, no debate promovido pelo SBT, Marina apareceu vestindo um blazer branco e um discreto óculos marrom. Questionada por jornalistas sobre a mudança no estilo, Marina abriu um sorriso e disse que perdeu o anterior: “Eram óculos de farmácia”.

Leia também:

Marina Silva: ‘Dilma quer ressuscitar o medo na campanha’

Marina diz que trajetória de Dilma – e não a dela – lembra a de Collor

PSB diz que críticas a Marina refletem preconceito

Continua após a publicidade

Marina Silva não gosta dos consultores de estilo. É ela quem tem escolhido de seu próprio guarda-roupas peças para usar na campanha – a exceção são os programas de TV, gravados na produtora. Assim como em 2010, quando a ex-senadora concorreu à Presidência pela primeira vez, a equipe de campanha não conseguiu convencê-la a obedecer as regras de um personal stylist. São as amigas, que integram a cúpula da Rede Sustentabilidade, seu quase partido barrado pela Justiça Eleitoral, quem dão sugestões, garimpam peças em lojas e levam até ela roupas enviadas por pessoas interessadas em vesti-la. Alguns critérios são inegociáveis: as cores precisam ser neutras, no máximo em tons pastéis e, o mais importante: não custar muito.

A candidata rejeita de cara qualquer roupa que lhe pareça sofisticada demais. Ela gostou, porém, de uma blusa com renda filé cujo preço era 249 reais. A compra foi feita há cerca de dois meses, entre uma agenda e outra, na loja Gatos de Rua, no Aeroporto de Recife (PE). “Ela prefere blusas no estilo hippie chique, peças fluidas e saias longas”, diz Beto Kelner, proprietário da Gatos de Rua, que usa tecidos de material reciclável.

Marina tem usado a trinca paletó, camisa e calça de alfaiataria. O visual sóbrio tem substituído as blusas com estampas étnicas e as saias longas que são sua marca registrada. Um detalhe, porém, a candidata tem feito questão de manter em suas produções: um colar com pingente feito de jarina, semente típica da Amazônia, conhecida como marfim vegetal. A peça, confeccionada por ela, faz parte de seu arsenal de biojoias, desenhadas e produzidas no ateliê improvisado no apartamento que tem morado durante a campanha, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo.

Produzir artesanato com sementes e pedras da Amazônia é um hobby conhecido da candidata, que tem feito questão de mantê-lo, apesar da rotina atribulada. As peças a aproximaram do estilista mineiro Ronaldo Fraga, que ficou de lhe mandar algumas peças de sua última coleção, inspirada na obra do pintor comunista Cândido Portinari.

Apesar de a cor preferida ser marrom, Marina tem optado pelos tons de branco para aparecer na propaganda eleitoral. A campanha atribui a escolha a questões estéticas – o tom de pele de Marina fica melhor no vídeo quando ela veste cores claras. A opção, porém, pode não ser meramente estética. Eduardo Campos adotou o figurino branco na campanha para governador de Pernambuco da qual saiu vitorioso em 2006 e, desde então, virou uma espécie de uniforme entre seus aliados no Estado. Paulo Câmara, candidato do PSB ao governo de Pernambuco, também tem recorrido a peças brancas nesta campanha.

Continua após a publicidade

Outro item constante é a fivela que prende seu coque, feita de capim dourado, produto típico do cerrado brasileiro. O cabelo sempre preso só é solto entre amigos e família – o coque é uma forma de disfarçar os fios brancos que Marina prefere não tingir. Só mudou de ideia recentemente, por causa da campanha, após muita insistência de sua filha mais velha, Shalon, que conseguiu convencer a mãe também a delinear as sobrancelhas. A tinta é antialérgica, assim como a maquiagem que tem usado, de uma marca canadense. No lugar do batom, Marina usa um gloss caseiro feito a partir de beterraba orgânica ralada e açúcar.

O cuidado com a escolha dos produtos é devido à intoxicação por metais pesados que contraiu durante tratamento contra leishmaniose na adolescência. O problema de saúde também interfere em sua alimentação. Ela não consome derivados do leite, chocolate, alguns tipos de castanha e frutos do mar.

A preocupação em não repetir sempre peças tem exigido da candidata mais atenção à moda do que de costume, e pedidos de ajuda às pessoas da campanha. O desafio de alinhar o estilo discreto à superexposição inerente à corrida presidencial rendeu até uma brincadeira – ou mais uma estratégia dos marqueteiros? – nos bastidores: na campanha de Marina Silva, repetir roupas é atitude de sustentabilidade.

Leia também:

Marina se esquiva de perguntas sobre união civil gay

Continua após a publicidade

Agora é guerra: PT lança ofensiva contra Marina Silva

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.