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À CPI, Cunha diz que inquérito contra ele é escolha política

Presidente da Câmara usou abertura de depoimento para se defender da inclusão de seu nome na lista do petrolão. Disse que investigação é 'piada'

Por Gabriel Castro, de Brasília
12 mar 2015, 11h15

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou seu depoimento à CPI da Petrobras nesta quinta-feira para se defender das suspeitas de que recebeu dinheiro de propina oriundo do esquema do petrolão e insinuar, novamente, que sua inclusão na lista de investigados é uma forma de tirar a pressão sobre o Executivo.

O peemedebista, que se ofereceu voluntariamente para depor, ainda fala aos integrantes do colegiado. “Colocar de uma forma irresponsável e leviana, por escolha política, alguém para investigação é criar um constrangimento para transferir a crise do lado da rua para cá, e nós não vamos aceitar”, declarou.

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Ele sustentou sua defesa sobre a tese de que foi escolhido por razões políticas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Disse que o pedido de investigação é incoerente, “pífio”, “absurdo”, “uma piada” e afirmou que sua inclusão na lista o constrange, principalmente porque está no exercício da chefia de um Poder.

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Eduardo Cunha também afirmou que Rodrigo Janot não tem autonomia para investigar temas de interesse do Executivo, já que cabe ao Planalto a decisão de conduzi-lo ou não a mais um mandato. “Um procurador-geral que depende do poder Executivo para a condução da sua reeleição deveria já declarar publicamente que não é candidato à reeleição. Assim ele resguardaria sua posição de independência”, afirmou. E foi além: “Caberia a nós até mudar a legislação para vedar a recondução para, no exercício da sua função, ele não ter que agradar a quem quer que seja”, disse o presidente da Câmara.

Cunha apontou incoerências no depoimento do ex-policial federal Jayme Oliveira, o Careca, homem de confiança de Alberto Youssef e que disse à PF ter entregado dinheiro em uma casa que acreditava ser de Eduardo Cunha.

O imóvel, na verdade, pertence ao advogado Francisco Reis, aliado de longa data do atual líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) – o que não afasta a suspeita sobre Cunha, mas serve de argumento para tentar desmontar a acusação.

O presidente também citou que, na justificativa da investigação sobre a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o Ministério Público menciona um depoimento em que o doleiro Alberto Youssef cita várias outras autoridades – Cunha não as nomeou, mas a lista inclui o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.

Eduardo Cunha negou que Nestor Cerveró, que foi diretor da área Internacional da Petrobras, tenha sido indicado pelo PMDB. O peemedebista atribuiu a indicação ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), que está fora da lista de Janot.

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O presidente da Câmara também assegurou que Fernando Soares, o Fernando Baiano, não atuou como emissário do PMDB no esquema de corrupção. Cunha admitiu ter conhecido Fernando, mas afirmou que ele se apresentava como representante de uma empresa espanhola.

O peemedebista ainda tentou desqualificar a tese de que empreiteiras como a Camargo Corrêa tenham feito doações oficiais ao diretório do PMDB como pagamento de propina negociada por ele. O peemedebista voltou a criticar Rodrigo Janot. “Ele não tem como afirmar que as doações feitas ao comitê financeiro do PMDB tenham sido feitas porque eu as coloquei lá, ainda mais fruto de benefício indevido. isso é uma afirmação leviana”, disse.

Deputados de vários partidos usaram o tempo a que têm direito no colegiado para “absolver” Cunha. Isso inclui os líderes do PSDB, Carlos Sampaio, e do PT, Sibá Machado. Sibá disse não haver provas contra Cunha e enfatizou que falava em nome de sua bancada. “Vossa excelência não perde de maneira alguma a legitimidade de presidir essa Casa”, disse André Moura (SE), líder do PSC.

Para os petistas, a postura dócil tem uma razão óbvia: a extensa lista de membros do partido sob suspeita de participação nos desvios não permite que o PT adote um tom acusatório. Já os tucanos enxergam em Eduardo Cunha um eventual aliado em disputas contra o governo.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) perguntou se Cunha abriria mão, de forma voluntária, dos seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. O presidente da Câmara disse que não ia fazer “bravata”: “Se a comissão entender que deve, ela deve fazê-lo”.

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