WikiLeaks: 109.000 iraquianos morreram na guerra
Dezembro de 2006 foi o mês mais sangrento: 103 civis foram mortos por dia
Ao menos 109.000 pessoas, 63% delas civis, morreram no Iraque do início da invasão americana, em março de 2003, até o final do conflito, em 2009. A informação foi divulgada nesta sexta-feira por grandes veículos de impresa Le Monde, The New York Times, The Guardian e Der Spiegel, baseados em documentos secretos dos Estados Unidos revelados pelo site WikiLeaks. Na segunda-feira, a organização tinha anunciado que divulgaria em breve mais de 400.000 documentos secretos sobre a guerra, com dados compilados desde julho passado. Este é o maior vazamento na história dos Estados Unidos.
Os relatórios divulgados apontam que forças dos Estados Unidos e seus aliados cometeram abusos, execuções sumárias e ignoraram repetidos atos de tortura no Iraque. “Os documentos revelam que as forças americanas possuíam um balanço sobre os mortos e feridos iraquianos, mesmo quando o negavam publicamente”, afirmou a rede de televisão Al Jazeera. Tais documentos mostram que o conflito atingiu 285.000 pessoas, entre as quais pelo menos 109.000 morreram entre 2003 e o fim de 2009. Dentre os mortos, 63% eram civis.
Dezembro de 2006 foi o mês mais sangrento da Guerra do Iraque. Foram registradas 5.183 mortes, dos quais dois terços eram civis. A estimativa resulta em uma média de 103 civis mortos a cada dia. Além disso, o número ultrapassa as contagens da ONU e da organização Iraq Body Count, que indicavam menos de 3.000 civis mortos naquele mês. Foram 31 crianças mortas – uma por dia ao menos – e 23 feridas. O lugar mais perigoso para viver na época era Bagdá, onde 1.922 foram assassinadas – todos registrados como civis, com exceção de 50.
O acesso à página do WikiLeaks está impedido, mas o Twitter da organização comemora a ampla divulgação da denúncia. Seus organizadores convocaram a imprensa para uma coletiva neste sábado na Europa, provavelmente em Londres. Frente à possível divulgação dos documentos, o Pentágono disse que formou uma equipe de 120 analistas para avaliar o impacto, apesar de não esperar “grandes surpresas”.
Divulgação – Em julho, a organização divulgou em sua página de internet cerca de 90.000 documentos militares secretos relacionados à guerra no Afeganistão. Esses documentos, datados de janeiro de 2004 até o ano de 2010, incluíam dados sobre a ajuda dos serviços secretos paquistaneses ao movimento talibã, mortes de civis e operações encobertas.
Desde 2006, o site de denúncias divulga dados sensíveis sobre táticas e estratégias militares.
(Com agência France-Presse)