A imprensa do Panamá chamou o retorno do ex-ditador Manuel Antonio Noriega ao país neste domingo, após 22 anos preso nos Estados Unidos e na França, de “show” e “piada pública”. Além disso, os jornais panamenhos pediram justiça para as vítimas de seu regime.
Sobre um fundo negro, o jornal La Prensa estampou a manchete “A chegada de Noriega, uma piada pública”, com a foto do ex-ditador na prisão para o qual foi enviado domingo, depois de ser extraditado da França. A transferência do aeroporto à prisão El Renacer, um presídio de segurança máxima a cerca de 40 quilômetros da Cidade do Panamá, foi, segundo o periódico, uma “manobra de diversão”. A operação foi marcada pela chegada de dois veículos, dos quais desceram uma pessoa de cada um, com o rosto coberto.
“O uso de um chamariz deixou dúvidas sobre se realmente o ditador tinha sido levado para a prisão, o que desencadeou protestos e suspeitas”, acrescentou o La Prensa, para o qual Noriega, de 77 anos, “deve pagar suas penas inteiras”, como um “castigo exemplar”.
Show – Já o jornal El Siglo trouxe a manchete “Show Man”, acrescentando que a operação de segurança do governo “foi transformado em um tremendo show, criticado pelos meios de comunicação locais e internacionais”. Outros veículos também criticaram Noriega e o governo do Panamá.
“Se com o grande engano de que Noriega entrava em cadeira de rodas em uma cela, o governo tinha algum propósito, é indubitável que o plano não vai pelo caminho esperado”, afirmou o La Estrella de Panamá no seu editorial. “O que se ganhou com isso foi gerar dúvidas das verdadeiras intenções que o governo tem e os acordos atrás dos bastidores que manteria com o ex-general. E como se pode faltar com respeito aos panamenhos”, acrescentou La Estrella.
“Preso”, destacou o Panamá América. “A forma é importante, mas o que há por trás é muito mais. Depois de uma chegada agitada, Manuel Antonio Noriega foi transferido a uma prisão panamenha onde deverá cumprir o castigo imposto pela justiça, visto que muita gente, especialmente os familiares das vítimas da ditadura, espera respostas”.
“Junto a Noriega atuaram outros militares e membros da sociedade civil, essas pessoas também devem mostrar a cara e enfrentar a justiça”, exigiu o jornal. Noriega foi o último general que governou o Panamá, entre os 1983 e 1989, após o período ditatorial iniciado em 1968.
(Com agência France-Presse)