O visto de chefe de Estado usado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para entrar nos Estados Unidos deixa de valer quando a pessoa perde o cargo, afirmou nesta segunda-feira, 9, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Se não procurar o governo americano em até 30 dias para mudar a categoria do visto, Bolsonaro ficaria em situação irregular, podendo até ser deportado ao Brasil.
“De forma geral, se alguém entra nos Estados Unidos com um visto A, essencialmente um visto diplomático para diplomatas estrangeiros e chefes de Estado, se um portador de um visto A não está mais envolvido em assuntos oficiais relacionados aos seus governos, cabe ao portador do visto sair dos EUA ou pedir uma mudança de tipo de autorização migratória em até 30 dias”, explicou.
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Sem um motivo para estar no país, segundo Price, “qualquer indivíduo está sujeito a ser retirado pelo Departamento de Segurança Interna”.
Bolsonaro chegou em Orlando, no estado americano da Flórida, em 30 de dezembro, após deixar o Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira, ainda como presidente do Brasil, já que Luiz Inácio Lula da Silva só foi empossado dois dias depois. Lá, ele está hospedado em uma casa de veraneio do ex-lutador de MMA José Aldo, um de seus mais fiéis apoiadores. O imóvel conta com oito quartos e cinco banheiros, além de cozinha ampla, quartos com decoração temática do Mickey Mouse, salão de jogos e uma sala privativa de cinema. Os valores da diária começam em US$ 519, cerca de R$ 2.743.
A presença do ex-presidente brasileiro nos EUA, no entanto, se tornou alvo de intensas críticas após milhares de terroristas bolsonaristas invadirem e atacarem os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
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Ao todo, cinco deputados americanos pediram a extradição do ex-mandatário. Mark Takano, da Califórnia, afirmou que “Jair Bolsonaro não deveria ter permissão para se refugiar nos EUA”, mesma frase usada por Ilhan Omar, do Minnesota, que declarou que “as democracias de todo o mundo devem permanecer unidas para condenar este ataque à democracia”.
A VEJA nesta segunda-feira, a deputada estadual Anna Eskamani, da Flórida, afirmou que é absurdo que Bolsonaro tenha permissão para estar no estado, que por sua vez não deveria ser visto como paraíso para “ditadores da extrema-direita”, reforçando uma mensagem feita por outros quatro congressistas do Partido Democrata.
Também nesta segunda, a Casa Branca informou que não recebeu qualquer pedido oficial do atual governo brasileiro sobre o status do ex-presidente. De acordo com a agência de notícias Reuters, o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, em conjunto com o presidente americano, Joe Biden, disseram a repórteres que as instituições democráticas brasileiras pareciam estar se mantendo firmes e ele afirmou que as autoridades do país não estão em contato direto com o ex-presidente Bolsonaro.
Sullivan tem a expectativa de que Biden fale com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a invasão em Brasília que ocorreu no domingo, mas a conversa não foi confirmada.