Andrés Mourenza.
Atenas, 3 mai (EFE).- Os líderes do partido conservador Nova Democracia (ND) e Movimento Socialista Pan-helênico (Pasok), Antonis Samaras e Evangelos Venizelos, respectivamente, disputam no próximo domingo o posto de primeiro-ministro da Grécia.
A disputa será simbólica, já a expectativa é que os dois partidos obtenham a pior votação de sua história. Devido à fragmentação do Parlamento prevista nas pesquisas, nenhuma formação conseguirá a maioria absoluta. Com isso, apesar das duras críticas recebidas durante a campanha, os próprios Samaras e Venizelos – praticamente nenhum outro partido quer se aliar a eles – deverão se unir no próximo Governo de coalizão que guiará a Grécia em tempos de crise e de ameaça da saída do país da zona do euro.
Antonis Samaras, descendente de uma família de ricos comerciantes e políticos, nasceu em 1951 em Atenas, é casado e tem dois filhos. Ele estudou Economia na prestigiada escola Amherst College de Massachussets, e Administração de Empresas em Harvard (EUA). Em 1977, um ano após se graduar nesta última, foi eleito deputado do Parlamento grego pelo ND, e em 1989 entrou no governo de Konstantinos Mitsotakis como ministro das Finanças e, pouco depois, tornou-se titular das Relações Exteriores.
No entanto, ele desafiou a liderança de Mitsotakis e ficou fora do ND. Samaras fundou então seu próprio partido, o Primavera Política, que não obteve bons resultados e acabou dissolvido pelo próprio político em 2004, quando se reintegrou à legenda conservadora.
Nas eleições de 2009, o ND teve os piores resultados de sua história (33%), e o líder do partido renunciou. Samaras venceu a filha de Mitsotakis, Dora Bakoyannis, e conseguiu a liderança da legenda.
Durante a atual campanha eleitoral, Samaras disse que não confiava nos socialistas e que não fará um acordo com eles para formar um governo de coalizão. O político também ameaçou convocar novas eleições se a maioria absoluta não for alcançada. Para isso, porém, precisará da permissão de Bruxelas em meio a tanta instabilidade.
O candidato também prometeu diminuir os impostos, aumentar as ajudas sociais e, ao mesmo tempo, manter suas promessas aos credores europeus sobre austeridade. Contudo, não se sabe como conseguirá tal façanha, devido ao déficit acumulado e ao elevado endividamento do Estado grego.
Já o líder socialista Evangelos Venizelos, que é casado e tem uma filha, nasceu em 1957 em Salônica, segunda maior cidade grega, onde cursou Direito. Ele obteve título de doutorado na Universidade Paris II. Nos anos 80, começou a dar aulas de Direito Constitucional na Universidade de Salônica e ocupou vários altos cargos em instituições do Estado.
A fama veio graças à sua defesa do primeiro-ministro Andreas Papandreou quando este foi acusado de corrupção em 1989 e se livrou da condenação por um voto dos magistrados.
A oratória de Venizelos chamou a atenção do veterano Papandreou, que o filiou ao Pasok, pelo qual foi eleito deputado em 1993. Desde então, ocupou sete pastas ministeriais: Imprensa, Transportes, Justiça, Cultura (duas vezes), Desenvolvimento, Defesa e Finanças. Após a segunda derrota eleitoral consecutiva do Pasok em 2007, Venizelos desafiou Giorgos Papandreou, filho de Andreas, na liderança do partido, mas foi derrotado nas eleições primárias.
Contudo, em novembro do ano passado, houve uma revolta interna no Pasok, e a oposição de Bruxelas tirou Papandreou do poder por meio de um plebiscito. Dessa forma, Venizelos foi nomeado vice-primeiro-ministro do Governo de unidade presidido pelo ex-banqueiro Lucas Papademos e venceu as eleições primárias socialistas, desta vez sem oposições.
Venizelos reconheceu que depois do dia 6 de maio será necessário conseguir outra coalizão, mas pediu votos ao Pasok para que o partido lidere o cumprimento das medidas exigidas por Bruxelas de uma maneira ‘sincera e honrosa’. EFE