O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu nesta quarta-feira que os partidos opositores que não participarem das eleições municipais de dezembro poderão ser impedidos de disputar futuras eleições, incluindo a presidencial de 2018.
“Solicitamos (…) que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proceda com as medidas draconianas que possam implicar na inabilitação dos partidos que promovem a sabotagem das eleições e que se ausentam do processo”, declarou Maduro.
O presidente informou que as municipais ocorrerão no próximo dia 10 de dezembro para prefeitos e prefeitas nos 335 municípios “da nossa amada Venezuela”.
Maduro provocou a oposição declarando que as municipais terão “as mesmas máquinas eleitorais (…) e o mesmo sistema confiável” das votações precedentes. “Abandonam porque sabem que nestas eleições municipais as forças revolucionárias terão uma grande vitória política, eleitoral, e fogem”.
O CNE estipulou que as inscrições para as eleições de dezembro podem ser feitas até a meia-noite desta quinte-feira. Depois desta data, não serão aceitos novos candidatos.
Partidos opositores como o Vontade Popular (VP), de Leopoldo López, e o Primeira Justiça (PJ), do duas vezes candidato à presidência do país Henrique Capriles, descartaram participar das eleições para prefeito ao considerarem que não existem as garantias mínimas para uma votação justa e livre.
A aliança opositora da qual fazem parte, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), denunciou várias irregularidades e casos de fraude nas eleições regionais do último dia 15 de outubro, nas quais o chavismo obteve o governo de 18 dos 23 estados da Venezuela, segundo resultados oficiais – que a oposição não reconhece.
Mesmo antes da declaração de Maduro, o Partido Socialista Unido da Venezuela (chavista) já havia solicitado ao poder eleitoral a prisão dos opositores que boicotarem as eleições municipais de dezembro.
“Solicitamos ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que preserve o direito dos venezuelanos de votar e adote as medidas estabelecidas na Constituição (…) contra os partidos que impeçam os direitos políticos”, declarou em entrevista coletiva o dirigente do partido Jorge Rodríguez.
Pouco depois, o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou que o Ministério Público prepara uma investigação contra os líderes opositores que decidiram boicotar as eleições e que, segundo ele, podem estar cometendo crime de “conspiração”. Saab afirmou que vários cidadãos têm defendido “ignorar as instituições e banhar o país de sangue”. “Ninguém tem o direito de fazer o que quer porque não gosta de certo evento eleitoral, incendiar o país”, destacou o procurador.